O novo era velho

Final de ano é hora de fazer balanço, de rever o que foi feito e, principalmente, aquilo que se deixou de fazer no trato da coisa pública, ou seja, exercer de fato e de direito o dever de ofício.
A Câmara de Vereadores, que encerra o terceiro ano da atual legislatura, lamentavelmente se comportou como se a representatividade do povo significasse uma composição amigável com o Executivo, com direito a troca de favores. A nefasta prática do ‘toma lá, dá cá’, ou ainda, ‘é dando que se receber’, substituiu o papel fiscalizador, deixado de lado pelos interesses pessoais que falaram mais alto.
Poder-se-ia aqui elencar uma série de ações que, embora não surpreendesse quem conhece a classe política de Mairiporã, foi tratada como negócio exclusivo, em que prevaleceu a vontade de um poder sobre o outro. Nesse meio, benesses como a nomeação aos borbotões de cabos eleitorais e correligionários que descaradamente ‘mamam’ nas tetas do erário.
Quando houve a renovação de 50% dos vereadores no pleito de 2016, esperava-se que a nova composição tivesse o gesto magnânimo de homens públicos investidos como fiscais do povo. Mas eis que responderam com a politicagem de sempre, que mais uma vez evidenciou a pequenez do Legislativo.
O prefeito, bem ao seu estilo, nadou de braçada nesses três anos. Aprovou o que quis e do jeito que achou conveniente, com direito a endividar a cidade, cuja população vai arcar com o ônus de R$ 32 milhões junto ao Banco do Brasil e Caixa Econômica.
Os vereadores foram incapazes de aglutinar interesses comuns e a lógica é tão cristalina que fica impossível dar crédito aos edis mairiporanenses, que demonstraram falta de interesse em compreender os anseios da comunidade. Ao assumirem o papel de coadjuvantes na estrutura governamental, ficaram com o risco de passar à história como políticos mesquinhos, preocupados apenas com o seu quintal. A maioria dos parlamentares, que certamente vai ser defenestrada nas urnas no ano que vem, não pensou nas futuras gerações. Este jornal não compactua com atitudes segregacionistas como as tomadas pelos vereadores nos últimos três anos.
O ‘novo’ que chegou à Câmara em janeiro de 2017 era muito mais velho do que se imaginava.