O jogo político

A velocidade do tempo e a rapidez com que os fatos se sucedem, especialmente na política, são assustadores. Faltam menos de quatro meses para 2019 partir e os mais de 250 dias vivenciados não conseguiram modificar o clima de incerteza em todos os níveis de cenário (nacional, estadual e municipal).
Em se tratando da Nação, o presidente da República, os governadores, senadores e deputados eleitos foram diplomados e em janeiro último tomaram posse. Claro, tudo dentro do que reza a Constituição Federal. E daí? Daí que os ritos seguidos democraticamente parecem não ter sido suficientes para baixar o nível de tensão. E não há, no horizonte, nenhum indicativo de que esse quadro, essa guerra entre situação e oposição, vá mudar.
Declarações beligerantes surgem a todo momento e ganham eco nas redes sociais, na TV, no rádio e nos jornais, mas muito particularmente nas redes sociais, usadas para fomentar ataque e defesa durante a campanha eleitoral e que, embora com menos poder de fogo, ainda apimenta discussões e serve de munição para as escaramuças virtuais que são travadas. Pouco importa se as informações são verídicas ou forjadas.
Trazendo o problema para o Estado de São Paulo, o governador Dória também não tem vislumbrado céu de brigadeiro e os sinais que emite, de que vai tentar o Planalto em 2022, faz com que o quadro político não seja diferente se comparado ao do governo federal. Também vai ser alvo de chumbo grosso.
Nos municípios a guerra é igualmente beligerante. E é nesse clima bélico que vão acontecer as eleições municipais no ano que vem. Muito particularmente, em Mairiporã, entre um cacique que parece ter transformado o Palácio Tibiriçá em algo particular, onde apenas a sua vontade soberana impera, e uma oposição incapaz de se organizar e dizer à população que há sim outras formas de governar a cidade. Há, neste momento, mais silêncio do que barulho. O perigo reside justamente no silêncio, que pode desencadear um fogaréu sem tempo e condições de ser debelado.
Que não se espere cordialidades nas eleições em 2020. Em todo e qualquer lugar onde serão eleitos prefeitos e vereadores, as campanhas já estão sendo preparadas e, rápido como se passaram dois terços de 2019, estarão nas ruas, nos smartphones, tablets, computadores e outras tantas geringonças eletrônicas.
Também alertar o eleitor que ele é o protagonista em todo o processo, além de ser chavão velho e carcomido, é chover no molhado. Verdade seja dita: o eleitor cansou, está de saco cheio dos políticos, da forma como se faz política no Brasil e do jogo sujo de bastidores.
Não sei se hoje, depois do crescimento inconteste de eleitores que não vão às urnas e daqueles que optam por votos brancos e nulos, se a frase do canadense John Galbraith ainda faz sentido: “nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”.
O povo, mal comparando, não tem memória curta. Não tem é mais saco de eleger pilantras, corruptos, vagabundos, salafrários e ladrões.
E que o amigo leietor não se deixe enganar: essa casta de políticos pode ser encontrada no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, nos governos estaduais, nas assembleias legislativas, nas prefeituras e câmaras de vereadores. E, de uns tempos a esta data, em várias instâncias do Judiciário.