O Gaeco na Câmara

Mais ou menos dois meses antes das eleições deste ano a Câmara e os vereadores foram surpreendidos com uma operação do Ministério Público (MP), que também se estendeu a alguns setores da Prefeitura.
Um aparato digno da Lava Jato deixou estupefatas as autoridades, com muitos promotores e policiais militares invadindo os prédios que abrigam os poderes Executivo e Legislativo, e que minuciosamente vasculharam os gabinetes dos parlamentares e, na Prefeitura, o da vice-prefeita.
Oficialmente, o motivo de todo esse alvoroço não foi dado a conhecimento público, mas nos bastidores dizia-se que os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) investigavam possível esquema de utilização da Secretaria da Saúde na marcação de consultas e exames, que privilegiaria pessoas apadrinhadas por vereadores junto ao sistema de Regulação do Estado, via internet, como forma de cooptar apoios e votos nas eleições que se avizinhavam. Passar à frente de quem não tinha padrinho seria, segundo denúncias, privilégio dos vereadores.
Na ação empreendida na Câmara e Prefeitura, as equipes efetuaram buscas de documentos que comprovassem a prática delituosa. Embora a mídia não tenha publicado nada, vereadores consideraram desnecessário o espetaculoso ato.
Meses se passaram, a eleição contou com todos os vereadores candidatos à reeleição supostamente investigados, e o assunto parece ter sido esquecido e não mais se ouviu falar no Gaeco. Nem uma palavra sobre o assunto, que em se tratando de vereadores, considerados os ‘representantes do povo’, deveria ser levado ao conhecimento de todos.
Oportuno que o Ministério Público forneça informações sobre esse tema, que é de interesse geral, até em atenção aos que se utilizam da saúde pública do município.
Até agora não se sabe o porquê da ação, muito menos seus resultados.
Que o Ministério Público forneça decisões sobre o episódio, e se de fato foram constatadas irregularidades. Em caso positivo, que se penalizem os culpados; se negativo, que seja feito um desagravo aos vereadores.

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