O ano que não começou

Faltam 65 dias para o final de 2017 e bem poderíamos beber na inspiração literária do jornalista Zuenir Ventura, em seu livro antológico “1968 – O Ano que não Terminou”, para exprimir o que foram esses quase doze meses da administração municipal: “2017, O Ano que não Começou”. Na obra de Ventura, ele se reportou a um período efervescente da história brasileira sob a ditadura militar.
Em Mairiporã não estamos sob ditadura, não a militar, mas pelo que viu até aqui, política, pois o prefeito não é contrariado em nenhuma de suas ações, já que os vereadores, que constitucionalmente deveriam ser os fiscais do povo, transformaram-se em aliados políticos com direito a farta nomeação de apadrinhados e cabos eleitorais. As ações mais esperadas ficaram restritas a um só parlamentar, que mesmo diante das dificuldades impostas pelo alcaide, se manteve fiel ao cumprimento do que prometeu ao assumir o mandato.
Análise mais minuciosa no cumprimento do ofício de enxergar a cidade com olhos responsáveis, nos leva a concluir, em pleno outubro, que o ano ainda não começou. Nem mesmo a torcida para que o atual governo acertasse foi de grande valia. Os erros cometidos no passado continuam agora, porém com requintes de sofisticação e, em alguns casos, de crueldade. À sociedade, aquela que não vive de politicagem barata ou de buscar meios e vantagens do dinheiro público, resta a fé para rezar por dias melhores.
Cabe aqui uma citação de Henry Ford, lendário empreendedor, que em plena carnificina da Primeira Guerra Mundial disse que ‘a guerra acaba e quem não parar agora sairá na frente’. Apesar do duplo sentido (valeria para a crise e para a oportunidade), vale também para o caráter, o que convenhamos não significa oportunidade.
Mairiporã não pode se orgulhar de nada de 2017 – o ano que não começou. Fica apenas a esperança que nossos dirigentes adotem o exemplo dado por empreendedores da cidade, que diariamente demonstram de forma inequívoca, que é possível fazer do momento difícil uma alavanca para a solução dos problemas.
Embora pareça quase impossível, diante daquilo que o governo municipal mostrou ser capaz em 300 dias de ‘administração’, cruzemos os dedos e oremos à espera de 2018.