Número assustador

Os dados divulgados recentemente pela Fundação Seade e retratados na edição de hoje do Correio sobre o número de cesáreas em Mairiporã são mais do que preocupantes, sobretudo quando a Organização Mundial da Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam realizados por meio de cirurgias. O levantamento aponta que nada menos do que 65,46% das mulheres que deram à luz na cidade, em 2015, decidiram se submeter à operação para trazer seus filhos ao mundo.
Se a escolha é considerada mais cômoda pelas mamães, por uma série de fatores, dentre eles o agendamento do parto, há que se levar em consideração aquilo que dizem os especialistas, sobre sequelas que podem surgir da cesariana, como problemas respiratórios para o recém-nascido e de morte materna e infantil. Nunca é demais lembrar que a taxa de mortalidade infantil em Mairiporã é alta.
Esse novo indicador negativo não é novidade para quem conhece a área da Saúde em Mairiporã. Ela continua a ser tratada com desdém pelos políticos e pelos governantes. A população se vê impelida a conviver com desmandos do governo e é submetida a toda sorte de humilhação. Promessas de que a Saúde vai melhorar são feitas a cada quatro anos para, nos quatro seguintes, piorar de forma criminosa.
Obviamente não se trata de condenar as mulheres que fazem opção pelo procedimento cirúrgico, pois é direito de cada ser humano fazer as escolhas que lhes dizem respeito. Mas infere-se, pelo que preconiza a importante entidade de Saúde mundial, que é preciso adotar medidas mais incisivas para convencer cada vez mais mulheres a recorrer ao parto normal.
Os números de cesarianas em Mairiporã é algo assustador e não se vê, por parte da Prefeitura (leia-se Secretaria Municipal da Saúde), nenhuma campanha de incentivo ao parto normal, nenhum alerta sobre os problemas que podem advir das cesáreas, nem mesmo palestras e cursos para as grávidas. Iniciativas que também deveriam incluir as adolescentes, inclusive para orientar sobre os meios de prevenção, de modo a evitar a gravidez precoce.
Mais um índice social que é divulgado pelo Governo do Estado e que revela o pouco caso que nossas autoridades têm para com o povo. Algo precisa ser feito para que esse quadro seja revertido.