No Dia de Combate ao Fumo, pesquisa aponta que consumo segue em alta

Na terça-feira (29/8) foi lembrado o “Dia Nacional de Combate ao Fumo”, que visa mobilizar a população para o controle do tabagismo como um problema de saúde pública. Mais de três décadas depois dessa iniciativa, o cenário ainda é alarmante.

Na contramão dos dados nacionais, que estimam um aumento de 4,4% nos gastos com o consumo de itens de tabacaria, que incluem cigarros, charutos, cigarros eletrônicos e afins, Mairiporã deve diminuir em 3,1% ao final de 2023. É o que revela a pesquisa IPC Maps, realizada pela empresa IPC Marketing, que atua com análise de consumo para estratégias de publicidade. Ainda de acordo com os dados, o consumo desses itens, em Mairiporã, cresceu de 2022 para este ano, nas classes A (famílias com renda acima de R$ 11 mil), B (famílias com renda entre R$ 8,6 mil e R$ 11,2 mil) e D/E (famílias com renda até R$ 2 mil), caindo apenas na classe C (famílias com renda entre R$ 2 mil e R$ 8,6 mil), que está com uma diminuição estimada de apenas 3,2%, reduzindo os gastos de R$ 7,94 milhões, em 2022, para R$ 7,69 milhões projetados para 2023.

O estudo aponta inda que o potencial de consumo total projetado para 2023 entre a classe A é de 5% a mais, para a B é de 2,7% enquanto, para as classes C e D/E, queda de 0,6% e 0,5% respectivamente.

De acordo com responsável pelo estudo, a queda na classe C não indica, necessariamente, uma redução do tabagismo nessa categoria, e sim a substituição do consumo de itens legalizados para itens contrabandeados, comercializados com preços menores e que fogem do radar da pesquisa, realizada em todos os municípios do país, que considera os hábitos de cada população. Para os anos encerrados, usa-se o montante comercializado. Ainda em Mairiporã, o consumo foi de R$ 15,3 milhões em 2022 e são projetados R$ 17,08 milhões para este ano.

Saúde – Mesmo com a crescente informação sobre os prejuízos à saúde provocados pelo tabaco, o hábito de fumar continua a ser uma ameaça significativa à saúde pública. Segundo o secretário municipal da Saúde, Raphael de Souza, cuja Pasta coordena programas para o combate do uso do tabaco, parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro.

Segundo os especialistas, “A qualidade de vida melhora muito desde os primeiros dias sem o consumo. Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio, por exemplo, é reduzido pela metade. Após 10 anos, o risco de infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram. Quanto mais cedo parar, menores serão as possibilidades de adoecimento”, pontuam.

Um profissional de saúde pode ajudar nesse processo de abandono do tabagismo. “A abordagem médica combina uma série de intervenções, envolvendo um cuidado multidisciplinar, que inclui exames de rotina e um plano terapêutico, desde identificar os gatilhos mentais e emocionais que levam ao desejo de fumar associados a técnicas de relaxamento a tratamentos medicamentosos”, explica o secretário.

Considerada uma doença crônica, o tabagismo é fator de risco para múltiplas doenças graves e fumantes têm maior risco de desenvolver patologias como câncer, infarto, acidente vascular cerebral (derrame), impotência sexual, enfisema pulmonar, bronquite crônica, dentre outras.
O tabagismo está, inclusive, diretamente ligado ao câncer de pulmão, boca, garganta, esôfago, pâncreas e rim. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o carcinoma pulmonar, principal neoplasia causada pelo hábito de fumar, é também o mais fatal do Brasil, com quase 12 mortes por 100 mil habitantes. Além disso, fumar também prejudica as pessoas que não fumam. A fumaça liberada no ambiente contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes.

“O uso da substância por gestantes, por exemplo, está associado a partos prematuros, baixo peso ao nascer e outras complicações para o bebê. Já em crianças que convivem com fumantes é maior o risco de desenvolvimento de infecções respiratórias (como bronquiolite e pneumonia)”, conclui.

Quer parar de fumar? – Durante conversa com a reportagem, o secretário frisou que a Pasta da Saúde em Mairiporã segue o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que articula a Rede de tratamento do tabagismo no SUS.

Como participar – Qualquer munícipe pode procurar a unidade de saúde que já o atende, e será inserido na lista de interessados em participar do Programa. É realizada consulta individual para avaliação do nível de dependência e definição do método de tratamento que será aplicado.

Além do tratamento, a Rede Municipal de Saúde realiza ações de educação para informar a população sobre os malefícios do tabagismo.

Ainda de acordo com Rapahel de Souza, a secretaria colocou em estudos um porgrama especial contra o tabagismo destinado aos servidores públicos municipais. (Da Reportagem – Foto: Pixabay)