O assassinato de uma vereadora do Rio de Janeiro, que certamente poderá levá-la a um processo de canonização na Santa Sé, tamanha a comoção causada entre os incautos que sempre servem de massa de manobra, é o exemplo definitivo de como a maioria dos brasileiros não tem discernimento e gosta de aparecer na mídia. Esta, por sua vez, resolveu trocar ideias e debates inteligentes por escândalos que rendem audiência.
Diariamente centenas de brasileiros com uma folha corrida de bons serviços prestados ao bem comum são mortas, e ninguém fala nada. Dezenas de inocentes crianças são assassinadas todos os dias pelas chamadas balas perdidas, e isso parece ter se tornado corriqueiro, sem nenhuma importância.
Na semana em que a vereadora foi morta, um comentário oportuno foi veiculado, que tomamos a liberdade de reproduzir, como forma de comparar o quão cruel é a mídia e o quão oportunista é a maioria da patuleia.
“Gisele Palhares Gouveia, 34 anos, cuja profissão era salvar vidas atuando como médica, no mesmo dia do episódio da vereadora, morreu assassinada na Linha Vermelha (RJ) com dois tiros na cabeça após uma tentativa frustrada de assalto. Gisele, embora mulher, não era negra, não era pobre, não era feminista, não era militante de partidos políticos, não frequentava círculos LGTB, não era do MST, CUT ou PSOL, não estava dentro dos programas de assistência e cotas do governo. Enfim, não preenchia os requisitos necessários para uma mobilização nacional, tampouco que merecesse a menor atenção dos Direitos Humanos. Ela, assim como eu e você, não era ninguém!!! Os bandidos??? Ah! Esses vão bem, obrigado!”
O que vamos assistir até o esclarecimento do crime da vereadora será um espetáculo degradante patrocinado pela mídia eletrônica e redes sociais e, claro, intervenções de políticos ladrões, que roubam o povo e lhes negam segurança, que permitem o crime organizado em todas as suas formas, aparecer na sua televisão com frases de efeito e expressões de indignação.
Num País com sua ordem totalmente subvertida, isso virou rotina.