Meritocracia

Infelizmente a escolha de nossos governantes é feita pela maioria e esta é composta, em grande parte, por incautos e espertalhões que preferem trocar o voto por favores pessoais. E são justamente esses os primeiros a criticarem os eleitos.
Em nível municipal, os beneficiários são os vereadores. Uma vez empossados, o que se espera deles são leis e medidas que facilitam a vida das pessoas, que melhorem a sua qualidade de vida. No caso de Mairiporã, o caminho percorrido é sempre outro, ou seja, o próprio parlamentar vira motivo de questionamentos. Mas quem questiona? O grupo menor, que não é formado por incautos.
O que se vê é a apresentação de propostas sem nenhuma eficácia, sem alcance social e em boa medida apenas de interesse pessoal.
Dentre os ‘afazeres’ dos senhores parlamentares destaca-se a concessão de honrarias, como títulos de cidadania e diplomas de honra ao mérito. O mais interessante nisso tudo é que a meritocracia nunca é levada em consideração, o que levou nossos legisladores a praticar sua atividade predileta: homenagear.
A falta de interesse em propor leis facilita a vida do Executivo e deixa claro o desinteresse de parte da sociedade por assuntos que lhe dizem respeito. Por isso a pecha de que ‘nada muda na Câmara’. E não muda mesmo. Trocam-se as moscas, mas a panela é a de sempre.
Os vereadores dispõem de mecanismos que vão além das homenagens. Mas as barganhas prevalecem. Por isso o festival de honrarias distribuídas.
Reconhecer pessoas requer que estas se destaquem por suas atuações junto à comunidade e no grau de independência em relação ao Poder Executivo.
A diferença, no entanto, é que homenagear traz resultado nas urnas. Ao adotar a política do reverenciamento a pessoas, um vereador, muitas vezes, tem a expectativa de ser lembrado por familiares e amigos do homenageado, além de moradores da localidade que recebeu o nome da rua.
O castigo, para os incautos, que colocam no mesmo cesto aqueles mais esclarecidos, é que os problemas de água, transporte, saúde, educação, segurança, mobilidade urbana e emprego, nunca são resolvidos.
Enquanto os espertos fazem política com ‘p’ minúsculo, os bobalhões passam sede, andam à pé, reclamam do atendimento médico, da crescente criminalidade, do trânsito ruim e do desemprego.
Essa equação vem de longa data e, a julgar por aquilo que os incautos fazem nas urnas, é mais que merecido. Nesse particular, há meritocracia.