Mensagem

Não me lembro de quando foi a primeira vez que andei de trem, mas tenho certeza que essa foi a primeira vez que ouvi tal mensagem. A mesma voz que anunciava as estações futuras e pedia que os passageiros tomassem cuidado ao sair do vagão, alertava para a atenção que devia ser tomada em relação a celulares e carteiras.
É inevitável começar a olhar de um lado para o outro, baixar a mão até o bolso, conferir se tudo está onde deveria estar. O aviso, infelizmente necessário, desperta um tipo de receio e alerta. É como se literalmente qualquer pessoa pudesse colocar sua integridade, tanto física, quanto material, em risco. E não pode?
Nestes tempos, conviver com a violência já se tornou normal, algo corriqueiro. Começa logo que saímos sozinhos de casa, tomamos medidas e precauções para proteger a nós mesmos e aquilo que temos. Parece instinto natural, como acordar e piscar os olhos.
Ainda assim, quando aquela mensagem é transmitida junto a tantas outras, gera uma sensação, no mínimo, estranha. Afinal, não devíamos, no mundo ideal, passar por tanta insegurança diariamente. É como se fosse jogada em nossa cara uma realidade que já sabemos: o mundo está cada vez mais perigoso.
E o que nos resta é a alegria toda vez que chegamos seguros em casa.