Melancolia de domingo

Sempre achei domingo um dia triste. Em comparação ao sábado, que carrega toda aquela energia positiva, a certeza de que se vai poder descansar, o domingo chega a ser um pouco melancólico. No sábado, você pode “deixar pra amanhã, aproveitar o hoje”. Já o domingo é direto, é cortante: encerra a diversão e te joga direto na rotina. Domingo é o tédio em forma de dia da semana, não é dia para sair de casa e sim para se preparar, mesmo que de última hora, para tudo o que virá na semana seguinte. Qual dia é usado para estudar para uma prova, ler algum texto importante, ou pôr em dia o trabalho atrasado? O domingo, claro!
Suspeito que seja por isso que as pessoas inventaram tantas tradições para os domingos. O churrasco de domingo, o almoço em família de domingo, o futebol de domingo… Todos foram criados para tentar aliviar, mesmo que pouco, esse peso do domingo. E nem preciso falar dos programas de televisão que passam aos domingos. Não acho que são ruins, eu, particularmente, me divirto assistindo Silvio Santos. Mas, por mais que toda aquela animação dos programas de auditório nos distraia por um tempo, logo a dura realidade bate à porta: é domingo.
Até mesmo dormir em uma noite de domingo é triste. É triste porque a gente já dorme sabendo que vai acordar distante do final de semana e diante da tão temida segunda-feira. São raras as pessoas que não odeiam a segunda-feira, e as que odeiam, assim como eu possuem, sim, razão para isso. Afinal, ninguém gosta de ser acordado pelo barulho do despertador às 5 horas da manhã; a cama é, de longe, a opção mais confortável e acolhedora, ainda mais depois que você se acostuma a ficar nela até tarde na manhã de sábado.
Apesar de tudo isso, domingo não me parece um dia cinza; quando penso no domingo, penso em um longo céu amarelo, aqueles de final de tarde, um pouco antes de começar a anoitecer. Aquele céu que não pertence à manhã ou à noite. Talvez seja isso que me incomode no domingo: a instabilidade. É o primeiro dia da semana? Ou o último? Domingo é meio termo, é incerteza, é fim e começo, tudo ao mesmo tempo.