Medicina curativa e as vacinas

O Brasil, desde sempre, fez opção pela medicina curativa, deixando de lado a medicina preventiva. Enquanto na maioria dos países é exatamente o inverso, por aqui a preferência é investir bilhões de reais não para evitar as doenças, mas para tentar curá-las. Um contrassenso típico de governantes pouco interessados na saúde pública. E nem mesmo o avanço da tecnologia consegue alterar essa preferência prioritariamente brasileira.

Sabe-se que apenas um quarto da população brasileira tem condições de dispensar o SUS e dispor de um plano de saúde. Em números: 75% da população do País, justamente a parcela que mais necessita de atendimento de saúde, a de renda mais baixa, enfrenta grandes dificuldades de acesso ao sistema, é quase impossível se a busca for por diagnósticos preventivos.

Esse vácuo absurdo entre uma e outra forma de encarar as enfermidades, faz com que surja uma terceira via, a medicina alternativa, que abrange muitas terapias, como hipnose, cromoterapia, ioga, meditação, remédios de ervas, terapia com vitaminas e outras. Neste caso, o foco maior também é na cura, não na prevenção.

Outro ponto crucial da saúde no Brasil, que cresceu inexplicavelmente nos últimos dez anos, é o desinteresse da população em se vacinar, uma das formas de prevenção das doenças. Campanhas em rádios, TVs, jornais e redes sociais não encontram eco e o número de pessoas imunizadas é cada vez menor. Um exemplo? Em plena epidemia de dengue, mesmo com a oferta pequena de vacinas, apenas 30% se dispuseram a tomar a dose.

O que explica esse desinteresse? Difícil saber, mas certamente o descrédito das autoridades de saúde junto à sociedade seja um dos fatores.

E de onde vem esse desinteresse? Tome-se por base a vacina contra a Covid. Inicialmente, uma dose era suficiente. Depois, era prudente uma segunda dose, e antes que o cidadão absorvesse e entendesse a situação, vieram a terceira e a quarta doses. Claro que a maioria ficou pelo caminho. Os números mostram que apenas as duas primeiras cargas da vacina tiveram maior afluência de público.

Não contentes, as autoridades sanitárias voltaram à carga recomendando uma quinta dose, a bivalente (que não convenceu nem 20% do público-alvo), e agora a informação de que a vacina contra a Covid passa a ser anual. Essa ‘engenharia’ de imunizantes levou ao descrédito.

O Brasil talvez seja a Nação que mais impõe a necessidade de se vacinar. Há pelo menos uma dezena de imunizantes que prometem impedir o avanço das doenças. Na prática, não é o que ocorre.

Infelizmente parece que a população não está disposta a se submeter anualmente a essa quantidade de vacinas.

As origens das doenças, no entanto, seguem sem um combate eficaz por parte dos governos, que diante dos resultados pífios das campanhas de vacinação, precisam fazer mais do que vem fazendo. E com urgência!