Mau negócio ou negócio da China?

Ano eleitoral me levou a vasculhar compêndios sobre a carreira política do prefeito, senhor Antônio Aiacyda. E há tópicos interessantes nessa trajetória, porém num ponto há sempre convergência: quando candidato, escolhe vices com os quais possa romper tão logo tome posse.

Isso se repetiu desde a sua primeira incursão na tentativa de estar à frente da administração municipal, hás 15 anos. Naquela oportunidade, tinha como parceiro em sua chapa um funcionário do Governo do Estado (não me recordo exatamente em que área atuava), chamado Silvio Ranciaro.

Tão logo a posse se deu, o vice logo foi acusado de não ter se afastado na data correta do cargo governamental, necessário para validar sua condição de candidato, e o resultado foi que teve seu diploma de vice cassado. Nem é preciso dizer que Aiacyda não mexeu uma palha para ajudá-lo e governou sem qualquer sombra a lhe incomodar.

No pleito seguinte, em 2008, convidou um dos nomes mais respeitáveis da sociedade, a senhora Ana Tellian, para ser a vice. E a vitória ensejou que, logo após a posse, fosse completamente esquecida, relegada a plano secundário e o combinado, de um futuro apoio ao nome dela para as eleições de 2012, definitivamente enterrado.

Em 2016 o ungido foi um empresário de Terra Preta, Eduardo Yokomizo, que nestes quatro anos de administração foi figura decorativa. Mais até que a rainha da Inglaterra. E nem teve o privilégio de ser convidado para continuar na tentativa da reeleição.

O novo nome que aparece como vice, nestas eleições, é do vereador Chinão Ruiz. Confirmado inclusive pela convenção. A pergunta é: o que pode esperar o vereador, se numa hipotética vitória for alçado à condição de vice?

O histórico está todo descrito e em se tratando do senhor Antônio Aiacyda, seus roteiros não sofrem mudanças.

Essas alternâncias de companheiros de chapa, a cada pleito, cheira a oportunismo. O candidato a prefeito se aproveita, muito ou pouco, da popularidade do vice e, uma vez alcançado o objetivo, coloca-o à margem. Para o vice que tem pretensões políticas futuras, um mau negócio. Se o objetivo é apenas receber um polpudo salário durante quatro anos, um negócio da China.

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988