Sei bem como é esse negócio de esperar até amanhã pela bonança depois da tempestade. Sei também que nenhum dia é igual ao outro e que na vida há os dias que dão errado. Levando em conta que tudo que é colhido foi plantado, fico me perguntando se não teria como o cotidiano nos oferecer algumas tréguas. Feito uma semana comum que a gente se mata, mas sabe que chega o final de semana e o descanso.
Já não sei que dia é hoje e tenho vontade de recostar a cabeça sem preocupação de cuidar. Cuidar de alguma situação. Cuidar de algum problema.
Uma dica sobre a próxima fase ou o que vem depois da curva, cairia bem nesse final de novembro. Ainda estou me virando com o que restou do lixo que me jogaram. O que fica e que nos mata a calma e atormenta.
Tenho receio de virar zumbi ou ser mais uma farinha do mesmo saco. Farinhas estragadas e viciadas mergulhadas nos seus sacos profundos e inundados dos seus egoísmos. Víboras sedentas prontas ao ataque que nos olham como suculentos alvos.
Pisa devagar que é para ver se consigo ao menos me sentar para ser notado por algum andarilho que me recolha e surpreenda mesmo sem saber meu nome. Para aliviar tomo um comprimido e o corpo febril. Antes que esses textos pareçam com os versos de Augusto dos Anjos, prefiro essa tosse seca, ao corredor frio do hospital com suas poltronas nada confortáveis.
Sigo nessa toada, um dia de cada vez. Um leão para cada dia e um dia após o outro. Dormir e descansar tranquilo não deveria ser somente recomendação médica ou necessidade física. Deveria estar previsto em lei.
Daqui a pouco o relógio desperta e começamos outra vez. Vamos em frente!
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb