Ler para crer

A nossa sociedade é bem complexa e são muitas as mudanças sociais e constantes imprevisibilidades e alterações. Fora as novas tecnologias e a sede por informações que fazem com que as pessoas construam opinião crítica, competência para a inovação e abertura ao novo. O surgimento de uma sociedade de informação impõe-se, portanto, no mundo tecnológico em que vivemos.

Ler de modo que a leitura seja reflexiva, representa uma das boas vias para entender a realidade em que vivemos. Fato é que em nossa sociedade as práticas leitoras são pouco incentivadas e desenvolvidas. A leitura carece ser estimulada e integrada ao cotidiano das escolas de forma que o hábito fique como herança para a fase adulta.

A busca por maneiras de tornar a leitura um hábito prazeroso é uma tarefa não apenas dos professores, mas, uma tarefa que cabe a nós seja qual for o idioma ou nação. Já quando se trata de docentes, cabe encontrar métodos para incentivar o desenvolvimento da leitura significativa dos aprendizes.

Neste processo, o papel da escola é essencial, e o professor é o mediador. Entretanto, nem sempre os recursos disponibilizados são adequados para concretizar atividades pretendidas com foco na leitura, ou também é possível que não saibam como elaborá-las e aplicá-las.

Concretizar a formação de leitores exige da escola e dos demais membros dos setores do processo educativo, ações que estimulem o pensamento, a criticidade, a criação, apresentando materiais de leitura diversos, com os quais seja possível despertar e estimular o gosto pelo ato de ler, desde os primeiros anos escolares.

Aprendi com Pedro Bandeira, certa vez quando estivemos juntos, que ao ler uma estória era preciso que o gesto fosse feito diante do leitor e esse leitor sendo uma criança, ler de maneira a gesticular e caprichar na entonação de modo que possa parecer que aquelas palavras possuem vida própria e que moram naquelas páginas, convivendo naquelas linhas cheias de parágrafos e acentuação. Só assim surge o encantamento necessário para que essas crianças possam querer mais aquela gostosa sensação e deseje sempre ter um livro em mãos.

Desejo que a imagem de uma biblioteca cheia de prateleiras e estas abarrotadas de volumes com tantas espessuras, tamanhos e cores continue sendo convidativo apelo para o irresistível cheiro das folhas brancas ou amareladas, cada qual cumprindo sua missão de significar. Eu não troco esse prazer por essa modernidade dos e-books tão frios.

O Pedro Malasartes não me saiu da cabeça e quisera que outros Pedros povoassem a mente dos nossos jovens, já que morar na imaginação, mesmo que por alguns minutos, sempre será uma viagem gostosa demais de fazer.

 

 

Luís Alberto de Moraes – @luis.alb – Autor do livro “Costurando o Tempo – dos Caminhos que Passei”