Lá vem eles outra vez

Lá vem eles de novo, verborrágicos e cheios de assunto. Claro, este ano tem urna, tem voto, barulho, papel, promessa. Ah, e um bocado de interesses estão em jogo. Então é hora de fazer reunir, discutir, mudar, seja o que for. Lá vem eles outra vez com aquela impetuosa vontade que parece só chegar nos anos em que o mês de votação é o mais importante nesse calendário maluco da política. De mansinho ou cara de pau mesmo. Aquele abraço meu amigo! Toca aqui meu parceiro! Estamos juntos companheiro!

Se você não conhece, já deve ter visto ou deve ser um destes. Sem ofensa, “tá ok”? Se eu comparo é porque me canso dessa gente sabichona da “Universidade Facebookeana”: maior acadêmica da engenharia, medicina, neurologia, psicologia etc. Sem falar é claro do Direito, veja bem: civil, penal, tributário e trabalhista. Todo mundo opina e entende. Tudo virou discussão. Não há o certo e sim os lados. Não há uma verdade. É só questão de opinião.

Lá vem eles outra vez. Esse é um ano de eleição e a internet está aí nos dando igualdade imensa e consolidando a democratização da imbecilidade. A liberdade já não é o princípio e sim a prevalência do absolutismo de qualquer que seja o absurdo, vindo de quem vier. Afinal, para que estudar, ler e conhecer se no final das contas, conectados estamos em pé de igualdade?  Principalmente porque o que vale mesmo são os likes e para isso vale qualquer coisa, desde que represente audiência.

Vem por aí essa turma de sedentos. São muitos, você sabe o que eles querem e fica fácil imaginar: trocar o voto por favor barato ou vender pelo interesse imediato. Me perdoe a rima pobre, mas é desse tipo que eu falo, dos que tem o verdadeiro poder nas mãos, mas que passaram os últimos anos nem aí para essa questão. E que agora estufam o peito e criticam sem ter feito sua parte. Como se coubesse apenas reclamar, sem entender, sem perguntar e quando podem, calam-se se, quando deveriam questionar.

De tanta esperteza chegamos até aqui. De barganhar nosso tesouro é que jogamos fora a paz dos nossos filhos. Será assim dinovo? Fiquemos de olho. Estão à solta. Cuidado! Eles vem aí e podem ser qualquer um de nós. Voto é sagrado mesmo. É só olhar no dicionário. Para cobrar honestidade, parte de nós não pode ser tão medíocre.

Falo de você eleitor barato. O que só fica no raso. Podia ser você o candidato, afinal ninguém é bom. Você sim, o especialista. Se é gostoso dar pitaco, vê se me entende e dessa vez me surpreende para que não seja outra vez o de sempre e que a gente veja finalmente essa tal de política servir para nós, não para mim, nem só para você. Acredita? Bora fazer!

 

Luis Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas.