Jovens reduzem o interesse em dirigir e tirar CNH

Símbolo de maturidade, status e autonomia desde que chegou ao Brasil, em 1891, o automóvel vem perdendo espaço entre os mais jovens. Identificado pelos governos, setor automotivo e por autoescolas, o crescente desinteresse dos jovens tem diversas causas. Entre os principais motivos apontados, estão a crise econômica, os inconvenientes do trânsito, os custos para manter um veículo próprio e a popularização de aplicativos móveis.
Segundo Wagner Prado, presidente da Federação Nacional das Autoescolas e Centro de Formação de Condutores (Feneauto), o fenômeno se intensificou a partir de 2015, com o agravamento da crise econômica e o acesso aos serviços de aplicativos de transporte pago ou compartilhado.
“Muitos jovens estão adiando o momento de tirar a habilitação. As famílias têm optado por investir em outras coisas, como em cursos universitários para estes jovens. Com isso, muitos acabam desistindo de tirar suas carteiras”, comentou Prado.
“Antes, tudo que um garoto queria era completar 18 anos para poder dirigir o próprio carro. Hoje, eles veem os custos com IPVA, manutenção, seguro; o trânsito nas cidades; tem mais consciência sobre os riscos de acidentes. Somando a isso, aspectos como a Lei Seca, muitos acabam optando por outras formas de se deslocar, como os aplicativos de compartilhamento”, explicou o presidente da Feneauto.
Caindo – No Distrito Federal, a emissão total de CNHs (incluindo novas, renovação, mudança de categoria e segunda via) vem caindo ano a ano desde 2015, quando foram emitidas 554.554 carteiras. Em 2016, foram 386.422; em 2017, 392.147 e, no ano passado, 333.952 CNHs. A diminuição atinge todos os grupos etários, mas sobressai entre os condutores de 18 e 24 anos. Em 2015, foram emitidas 26.537 primeiras habilitações para essa faixa etária. Em 2018, o número caiu para 14.581, retração de 45%.
“Temos recomendado cautela ao setor. Há cinco, seis anos, muitos não previam a popularização dos aplicativos. Hoje, veículos que não precisam de condutores estão sendo testados. Daqui a poucos anos, portanto, teremos novas surpresas e eu acredito que tendemos a perder ainda mais clientes entre esta faixa mais jovem do público”, complementou Prado.