Irresponsabilidade

O assunto transporte coletivo ganhou as manchetes no final da semana passada, depois que o prefeito Aladim, em vídeo que circulou pelas redes sociais, denunciou o serviço precário prestado pela empresa Eduardo Medeiros Transporte, que dentre outros problemas, retirou 19 ônibus de circulação, de um total de 32, causando transtornos aos usuários.
O transporte coletivo assumido por essa nova empresa substituiu a Empresa de Transportes Mairiporã (ETM), que por mais de 30 anos prestou excelente serviço a cidade e zona rural.
Falta de ônibus, supressão de linhas, horários não cumpridos, são apenas algumas da reclamações que tem chegado à imprensa e se tornou assunto comum nas conversas em bares e também no terminal rodoviário.
A Prefeitura, que é o agente concessor e tem maior poder fiscalizador, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana, se manifestou somente agora, com a mudança de governo, sobre as reclamações. E da noite para o dia se viu com um ‘pepino’ dos grandes para descascar, tarefa que demanda tempo e que por isso mesmo vai provocar a ira dos usuários que dependem do transporte coletivo.
Ainda em 2020, quando se cogitava tirar a ETM em agosto, já se sabia que essa mudança não iria dar certo. Quem tinha, à época, um pouco de bom senso, enxergava que a intenção do prefeito Aiacyda e de vereadores reeleitos e não reeleitos, meramente eleitoral, ia dar com os burros n’água, como deu. A ordem era tirar a ETM a qualquer preço. Os motivos? Muitos inconfessáveis e outros nunca explicados com um mínimo de razoabilidade.
Os que tinham bom senso já sabiam que a empresa escolhida não tinha estrutura para assumir um serviço tão difícil como é o transporte urbano em Mairiporã, e menos ainda com a tarifa proposta na oportunidade, menor que a praticada até então, um golpe eleitoreiro que, abertas as urnas, também não premiou a maioria dos que buscavam seguir no poder.
O saldo de toda essa irresponsável aventura foi uma ‘bomba’, cujos efeitos ainda podem causar danos maiores e irreparáveis, jogada no colo do prefeito. Há sim que se responsabilizar todos aqueles que se valeram desse oportunismo politiqueiro, cujas consequências ainda não podem ser medidas em toda sua plenitude.
Administrar a cidade é tarefa que precisa ser levada a sério, pensando no bem comum, não nos ganhos pessoais dos dirigentes políticos.