Instrumento eleitoral

No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, um dos mais conceituados do País, representatividade significa qualidade de alguém, de um grupo, de um partido político. Ela serve para indicar que uma população, por exemplo, se sente representada em qualquer das instâncias na esfera governamental.

Trazendo a questão para o âmbito dos legislativos, pode-se dizer com segurança que a sociedade não se sente representada. Longe disso. Da forma como se comportam deputados e vereadores, os cidadãos são meros instrumentos de uso eleitoral a cada quatro anos.

Em Mairiporã, pelo menos nos últimos 25 anos, as composições da Câmara de Vereadores deixaram de lado os interesses do coletivo para privilegiar questões de cunho pessoal ou meramente político-eleitoral. Foi ocupado ao longo dos anos predominantemente por gente que em tudo difere das pessoas cujos interesses deveriam defender.

Ao tempo em que fui vereador, a população se sentia representada e tinha seus direitos defendidos junto ao Poder Executivo.

Com uma nova chance, em novembro, o cidadão mairiporanense precisa escolher com critério, com um mínimo de discernimento quem poderá representa-lo e também a cidade como um todo. Se assim não for, corre o risco de não encontrar eco para suas demandas, seus anseios. O bolso do contribuinte para um valor altíssimo, em torno de R$ 10 milhões, para manter vereadores a cada doze meses. A recíproca está longe de ser verdadeira.

Enquanto outras cidades experimentaram avanços, observados nos últimos anos, Mairiporã parou no tempo, não se desenvolve e não soluciona os problemas para melhorar a condição de vida de seus moradores.

O filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau disse que o homem é produto do seu meio. Em nosso município, é preciso alterar esse produto.

No entanto, a persistente desigualdade entre as pessoas e os ‘donos do poder’ demonstra que há muito ainda a se fazer para acabar com esse quadro. O eleitor de Mairiporã, em especial, precisa votar consciente para que se sinta, de fato, representado em seus interesses.

No dia 15 de novembro, na cabine de votação, o mairiporanense terá nas mãos, mais uma vez, a oportunidade de mudar os rumos da história.

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988