Instinto

Se deixasses, te desvendaria

como quem prova de um néctar sagrado.

Incrédulo, te tomaria

como se o que importasse,

fosse apenas a satisfação

de me embriagar do teu aroma.

 

Alimentaria teu desejo,

para descobrir-te mulher.

Faria saltar dos poros,

a evidência da retina perplexa,

e contemplaria inocente teu semblante;

mergulhando submisso teu calor…

 

Buscaria tua pele com a ternura

de um menino, e a malícia

de um amante que quer

se despir de qualquer moral.

Desejaria que o tempo parasse,

e calasse nossa consciência;

imortalizando cada gesto,

e satisfazendo nossas almas.

 

Depois, exausto do teu sabor,

repousaria meu espírito,

aspirando tua lembrança…

Para que quando te reencontrasse,

cobiçasse novamente teus lábios úmidos.

 

Então, retomaria teu abraço,

como quem se entrega enfeitiçado,

E assistiria teu sorriso

testemunhar nosso pecado.

 

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb