Insegurança provoca fuga escolar

Os números são alarmantes e a preocupação cada vez maior. O percentual de alunos no 9º ano (antiga 8ª série) do ensino fundamental, que deixaram de comparecer à escola por falta de segurança, mais que dobrou nos últimos dez anos, considerando-se o intervalo de tempo entre 2009 e 2019. A constatação faz parte de um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujo levantamento avalia indicadores da série histórica da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar).

Na prática, isso representa que a violência também alcançou as escolas e afastou 17,3% dos estudantes, enquanto em 2009 eram 8,6% do total.

Basta ver o noticiário para confirmar o que a pesquisa mostra. Principalmente as escolas públicas, que apresentam problemas com a segurança, e não se enxerga perspectiva de melhora em prazo pequeno. Longe disso.

A tendência é um percentual cada vez maior na fuga de alunos, e a esse problema somam-se roubos e furtos dos estabelecimentos de ensino, relação difícil entre estudante e professor, maior dificuldade no aprendizado, ingredientes que colaboram para o desinteresse por estudar.

Agressões físicas (inclusive por parte dos pais) também deu um salto segundo o IBGE, passando 9,4% há dez anos, para 11,6% em 2012 e 16% em 2015. Outro ingrediente perigoso é o comércio de drogas nas portas das escolas, que também desestimulam alunos a frequentá-las.

A pesquisa foi realizada em parceria com o Ministério da Saúde e apoio do Ministério da Educação. A PeNSE fornece informações obtidas diratamente dos alunos por meio de um questionário eletrônico autoaplicável.

Nesse intervalo de tempo, ou seja, 2009/2019, uma prática muito comum nos Estados Unidos também foi observada por aqui, guardadas as devidas proporções, sobre o uso de arma de fogo no interior das escolas. Os casos foram poucos, mas preocupantes e suficientes para mexer com pais, alunos, professores e dirigentes.

Os indicadores analisados no estudo são: características gerais; contexto familiar; saúde mental; imagem corporal; padrão alimentar; comportamento sedentário; cigarro; bebidas alcoólicas; outras drogas; segurança e violências; saúde sexual e reprodutiva; uso de serviços de saúde; saúde bucal e higiene.