“Indústria de multas” em Mairiporã

“Indústria de Multas” em Mairiporã cresceu 26,14% nos primeiros nove meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, e na contramão do setor produtivo do Brasil. A indústria de transformação registrou queda na produção. Levantamento feito pela reportagem do Correio junto a dados oficiais publicados no Portal da Transparência da Prefeitura, confirma a existência da “indústria de multas”. O volume de dinheiro arrecadado é espantoso e todas as estimativas constantes no orçamento são de longe superadas ao final de cada exercício.
No período de janeiro a setembro do ano passado o montante de recursos oriundo das multas que entrou nos cofres da Prefeitura somou R$ 2.316.012,38. Em igual número de meses neste ano, R$ 2.927.885,56.
É espantoso saber que numa cidade com a diminuta malha viária que possui, basicamente com todo o trânsito concentrado em três vias (Tabelião Passarella, Cel. Fagundes e XV de Novembro), as autuações cresçam em velocidade espantosa.
É evidente que uma parcela de motoristas realmente cometa infrações que levam às multas. Mas chega a ser de incredulidade a arrecadação chegar próxima de R$ 10 mil dia. A expectativa é que em 2019, faltando contabilizar as receitas com essa rúbrica relativas a outubro, novembro e dezembro, seja batido o recorde de arrecadação. Se mantiver a média de agosto e setembro últimos, vai chegar a R$ 4 milhões.
Diz a legislação que todo o dinheiro arrecadado com as multas de trânsito devem ser investidos nesse setor e também na educação e instrução de motoristas. Diante dos aumentos anuais que se observam em Mairiporã, difícil acreditar que a prefeitura entenda que o controle do trânsito tem como pilares justamente a educação, instrução e punição até, mas é imprescindível que todos os itens sejam colocados em prática, principalmente a parte educativa, trabalho esse voltado aos agentes de trânsito.
Com os aumentos arrecadatórios com as multas, inimaginável pensar que campanhas educativas de trânsito ocorram na cidade. E não se tem notícia de que são investidos recursos nessa área durante o ano.
Em uma conta hipotética, cada um dos 100 mil habitantes que vivem nos em Mairiporã teve que desembolsar quase R$ 30 para quitar dívidas com punições de trânsito.
Não há, no documento da Prefeitura, nenhuma identificação de quais tipos de infrações são as mais cometidas. Falta ao prefeito Aiacyda o entendimento que “não adianta só punir. É importante sempre fazer com que o motorista tenha ciência das leis de trânsito através de trabalho educativo e informações diárias”.
O que é feito do dinheiro arrecadado com as multas de trânsito só sua excelência, o prefeito, pode dizer.