Índice de Consumo das Famílias cresce 2,1% em agosto

O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado no início desta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou alta pelo terceiro mês consecutivo, crescendo 2,1% em agosto e totalizando 70,2 pontos. O resultado é o melhor desde abril deste ano (70,7 pontos) e superior em 6,1% ao registrado no mesmo mês de 2020 (66,2 pontos).

A economista Catarina Carneiro da Silva, responsável pelo ICF, destacou, no entanto, que o índice se mantém abaixo do nível de satisfação (100 pontos) desde abril de 2015, quando ficou em 102,9 pontos.
Segundo ela, como a perspectiva de consumo foi o item que mais cresceu em agosto (5,6%), as famílias parecem acreditar que as condições vão continuar melhorando.
O nível de consumo atual, com 55,2 pontos – maior patamar desde março de 2021 (56 pontos) – cresceu 3,7% em agosto, o terceiro aumento consecutivo e o mais intenso do período. Na comparação com o mesmo mês de 2020, a variação foi positiva em 12,2%.

A renda atual cresceu 1,8% em agosto, e a maior parte das famílias (41,5%) já está considerando sua renda igual à do ano passado. Segundo o ICF, isso não acontecia desde junho de 2020, pois as famílias estavam considerando sua renda pior. Agora, classificam estar no mesmo nível. O indicador de renda atingiu 77,7 pontos, o maior nível desde março deste ano (79,3 pontos).

Emprego – O emprego atual cresceu 0,4% e continua sendo o maior indicador do mês, puxando o ICF, com 87,3 pontos. O mercado de trabalho leva as pessoas a ter confiança para consumir.
A melhora do emprego pode ser constatada na análise da perspectiva profissional, que revela aumento de 2,2% em agosto. O indicador está crescendo há dois meses. De acordo com a economista, as famílias estão vendo o mercado de trabalho atual mais positivo e, no longo prazo, mais positivo ainda, porque está crescendo a uma velocidade maior.
O acesso ao crédito subiu 0,7% em agosto e foi o único indicador a apresentar retração (1,1%) na comparação anual. Segundo Catarina, para maior parte das famílias, está mais difícil ter acesso ao crédito.
A economista afirmou que os recentes aumentos dos juros básicos pelo Banco Central para conter a inflação tornaram o crédito mais desvantajoso para as famílias. A queda em relação a agosto de 2020 ocorreu porque, àquela época, havia muito incentivo ao crédito para que as pessoas pudessem se recuperar da pandemia.
O indicador de momento para duráveis está aumentando gradualmente, com evolução de 1,7% em agosto, embora seja o menor indicador da pesquisa (41,9 pontos). Isso ocorreu porque as famílias estavam focando muito em bens essenciais.

Insatisfação – Na avaliação por faixa de renda, as famílias com ganhos acima de dez salários mínimos revelaram nível de insatisfação de 87,7 pontos, com avanço mensal de 2,7% e anual de 16,9%. A mesma insatisfação foi percebida em famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, para as quais o indicador atingiu 66,5 pontos, com alta de 2% no mês e de 3,3% na comparação anual. Considera-se grau de insatisfação quando o índice permanece abaixo de 100 pontos.
Por regiões, o ICF de agosto mostra que o Norte registrou a maior queda mensal (2,4%), com a menor taxa (55,8 pontos), enquanto o Sudeste e o Sul tiveram as maiores variações positivas de 4,1% e 3,2%, e as maiores taxas (71 pontos e 80,8 pontos), respectivamente. Catarina disse que a maioria das regiões está melhor do que no ano passado, principalmente o Nordeste, com 71 pontos. Somente o Norte não se recuperou e está 17,6 % abaixo de agosto de 2020. As demais regiões já conseguiram se recuperar em relação ao ano passado. (Alana Gandra/Agência Brasil – Foto: Tânia Rêgo/ABR)