Há um menino, há um moleque

Dentre de nós há sempre aquele menino que sabe tudo a nosso respeito. Que vai aos poucos nos falando aquilo que precisamos ouvir de forma que possa garantir a nossa verdade. Passar o tempo se servindo da opinião alheia, deixando de escutar internamente este menino que de fato sabe quem nós somos, coloca a gente a caminho de iniciar um processo de viver e agir de acordo com o que os outros estão dizendo, e pior, se acorrentando as expectativas de quem chegou e está do lado de fora.

Injusto demais perder a essência por não dar ouvidos a consciência, a voz interior, a verdadeira essência a qual fomos projetados pelo criador. Recheados por todos os atributos de virtudes e de defeitos, mas singular e dono de suas possibilidades. Preguiça e negligência consigo mesmo, colocam os seres no caminho do comodismo de ir se tornando quem o outro espera que sejamos. Como se fossemos aos poucos moldados passivamente e a forma depois de um tempo, já não lembre algo que se pareça com a verdade. Semelhante a nos pregarem máscaras da qual somos incapazes de abdicar por conveniência.

A experiência religiosa não pode vir desacompanhada da experiência da reflexão, posto que quanto mais eu mergulho em mim e vou me conhecendo, mais sou capaz de identificar as minhas raízes e o quanto no cerne da minha condição humana, Deus projetou as ferramentas para o sucesso e prosperidade, diante de quaisquer limitações. Como se a criação não tivesse parado no dia em que fui gerado ou passei pela experiência do parto. Mais que isso, é uma criação que nunca terminou como se todos os dias tivesse a chance de ser criado novamente em um processo que não termina.

A semente que guarda toda as suas possibilidades e que nasceu para ser árvore, não pode ficar sufocada e incapaz de ser o que foi sonhada que seria. Deve sempre brotar e florescer. Na convivência, nos negócios, nas relações políticas… para tudo é preciso o outro. Menos para ser feliz. Nesse caso, quem se conhece e ouve suas vozes interiores, é sempre dono dela. E basta!

 

Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb