Na última semana, em mais um devaneio desta mente agitada, me peguei refletindo a vida nas flores que encantavam minha mesa de jantar. Sem dúvida, as flores são uma das expressões mais poderosas do reino vegetal. Com formas diversas, cores vibrantes e fragrâncias únicas, cada flor, em sua simplicidade, possui uma mensagem profunda – um símbolo de amor, luto, esperança ou celebração. Não é à toa que, ao longo da história, as flores se tornaram símbolos poderosos de sentimentos e desejos humanos.
Desde os tempos antigos, as flores foram utilizadas como uma forma de comunicação não-verbal. A floriografia, também conhecida como linguagem das flores, foi uma prática popular, especialmente no século XIX, quando flores eram enviadas como forma de demonstrar emoções e encaminhar mensagens. Numa época de convenções sociais mais rígidas, na qual nem sempre os sentimentos eram livremente expressados, as flores se tornaram um elo entre o que se sentia e o que se dizia.
Cada tipo de flor, e até mesmo a maneira de oferecê-la, possuía um significado próprio, permitindo que o destinatário decifrasse o que o remetente queria transmitir, sendo que seu simbolismo se faz presente até os dias de hoje.
A rosa, por exemplo, conta com muitos significados, dependendo da cor. A rosa vermelha é universalmente associada ao amor e à paixão, enquanto a rosa amarela é frequentemente vista como um símbolo de amizade e alegria. A rosa branca representa compromisso puro, com fortes laços espirituais e de fé, sendo muito utilizada, também, em casamentos. Já o lírio é considerado símbolo de pureza e renascimento, mesmo após a morte – bem por isso é muito utilizado em cerimonias fúnebres, assim como o cravo.
A tulipa, por sua vez, simboliza perdão e renovação. Sua capacidade de florescer com tanta intensidade e elegância, após o inverno, a torna um poderoso emblema de superação. Em algumas práticas espirituais, especialmente em meditações que envolvem o despertar do chakra do coração, as tulipas são usadas para liberar o amor e para expandir a energia do coração, promovendo autocompaixão e compreensão. Já a violeta é associada modéstia, lealdade e fé. Em várias culturas, é considerada uma flor de proteção e um símbolo de memória e de amor eterno.
A sakura, conhecida como flor de cerejeira, simboliza a beleza efêmera da vida e a morte. Ela representa a transitoriedade da vida, a ideia de que tudo na vida é passageiro e está em constante mudança, estando intimamente ligada ao conceito budista de impermanência. A jasmim pode representar sensualidade; a margarida simplicidade e juventude. Há ainda tantas outras espécies, mas infelizmente não há espaço para tanto nesta modesta coluna semanal.
Contudo, os exemplos citados certamente são suficientes a evidenciar a mensagem que realmente importa: as flores, não apenas celebram a beleza da natureza, mas ajudam a transmitir os sentimentos de cada momento da vida. Bem por isso se fazem presente em momentos significativos da trajetória humana, como casamentos, aniversários, funerais etc. Mais do que simples elementos decorativos, as flores têm o poder de comunicar sentimentos profundos. Elas conectam o homem à natureza e têm o poder de tocar o coração, de uma maneira sutil e, ao mesmo tempo, profunda. Elas falam conosco, mesmo quando não pronunciamos uma palavra.
Além do mais, sua fragilidade e beleza momentânea nos lembram da brevidade da vida, enquanto suas cores vibrantes e formas diversas revelam a complexidade das emoções humanas. Cada flor carrega consigo uma história silenciosa, um sentimento que vai além do óbvio, convidando-nos a olhar mais profundamente e a perceber o que está além da superfície.
E eu, você já sabe…. prefiro viver assim, sei que sou mais feliz desta forma: percebendo na natureza mensagens que sempre brotam em mim. Afinal há muitas flores no meu coração e minhas palavras por aqui são uma singela tentativa de deixá-las brotar em você também!
Drielli Paola – @drielli_paola. Servidora Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bacharel em Direito, com pós-graduação e extensões universitárias na área jurídica. Entusiasta de psicologia, história, espiritualidade e causa animal. Apaixonada pela escrita.