Filme e tragédia repetidos

Cenas de tragédias que se repetem todos os anos e ações criminosas de governos (municipais, estaduais e federal) que não são punidos e um povo inerte, que aceita tudo calado, inclusive morrer em meio às águas, deslizamentos, enchentes e desabamentos. Retrato cruel da vida de milhares de brasileiros em tempos de chuva.

Um quadro que além de programado, mostra a frieza com que as autoridades tratam de um assunto que deveria ser a prioridade das prioridades. Mas não! As chuvas caem por força da natureza e as pessoas morrem afogadas ou soterradas.

Cobrar quem de direito para pôr fim a tudo isso, é ‘chover no molhado’, expressão até inapropriada. Que tal, dar murro em ponta de faca?

Como toda ação e reação tem dois lados, também é preciso cobrar posicionamento mais enérgico das vítimas. Quando se trata de reunir pessoas em eventos como a Copa do Mundo, eleições e festas, essa união é automática, nem precisa de convocação. Mas para fugir da morte e encostar prefeitos, governadores e até a presidência da Repúblicda contra a parede até que soluções definitivas sejam concretizadas no combate ao rastro de destruição das águas, ninguém faz nada.

As reportagens televisivas nesta época do ano nem precisavam ser feitas. Bastava colher material gravado em anos anteriores, pois as imagens praticamente são as mesmas. Gente mostrando a casa inundada, a perda de móveis e utensílios, gente sendo resgatada de bote, muitos desabrigados, os que choram diante das câmeras dizendo que não têm mais nada, enfim, um repertório sobejamente conhecido.

Até quando os responsáveis pelas soluções vão continuar inertes? E até quando as vítimas vão continuar votando nesses políticos nem um pouco preocupados com as mazelas do povo?

É insano, é cruel, é inominável ver todo final de ano e começo de outro, cenas que se assemelham à barbárie se repetirem. E a culpa, claro, fica na conta da natureza, dos céus (de onde caem as chuvas), do clima, enfim, menos dos verdadeiros responsáveis.

Os governantes são culpados, mas os cidadãos precisam fazer a parte que lhes cabe.