Para tudo na vida é preciso alguém, não é mesmo? As relações são sempre políticas. Pois é, menos para ser feliz. Nesse caso cada um se basta e deve ser dono da sua própria felicidade sem acorrentar ninguém a essa responsabilidade.
Coisa terrível gente que diz: não consigo ser feliz sem o fulano. Claro que é legítimo querer ter alguém por perto, dormir de conchinha, ir ao cinema, postar uma bela foto nas redes sociais. Aliás, foto de casal feliz em redes sociais em algumas épocas já me encheu de recalque ou depressão sábados a noite.
Até eu descobrir que esse negócio de metade da laranja fica só na poesia das músicas. Que na prática não existe a tal pessoa ideal e sim a pessoa certa. Quem passa a vida idealizando, não vê as pessoas que são de verdade e que estão por aí entregando pizza, imprimindo boleto, atendendo em algum consultório ou até mesmo distraído na fila da lotérica. Difícil perceber isso se ficar vendo se passa um cavalo branco.
Não posso deixar de mencionar os solteiros da turma que coleciona “cheque devolvido”. Um povo estranho que fica anos chorando o término de um relacionamento que já não era bom quando existia. O falecido muitas vezes já casou, já teve filhos e essa turma que coleciona desgraça, perde tempo lembrando e chorando o leite derramado.
Também há quem infelizmente levou um fora ou aceita ser tratado de qualquer jeito. Concorda em ser um objeto o resto da vida em uma relação em que apenas um dá os passos e o outro se esconde. E há muito relacionamento estragado hoje em dia. Era melhor estar sozinho do que mal acompanhado.
Solteiro não é sozinho. Sozinho não significa ser triste. Não falo de autossuficiência. Me refiro a liberdade de ser e fazer tudo na vida sem dependência e principalmente tratar a si próprio com respeito e afeto em primeiro lugar, para então ser tão dono de tudo isso, que na hora certa se permita oferecer o pacote completo a alguém que saiba o valor e deixe tudo mais bonito.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb