Falta combustível

Nem mesmo economistas e profissionais que atuam na área energética conseguem entender o que faz a Petrobras (por tabela o Governo Federal) quando o assunto é a descabida e onerosa sequência de aumentos no preço de gasolina, etanol e óleo diesel.
Embutido nesses reajustes vem o efeito dominó, que chega a outros setores da economia, em especial o da alimentação. Em determinadas semanas chega-se ao absurdo de aumentos diários. O Governo se cala e a população faz o mesmo, como se essa prática da Petrobras fosse defensável.
Dentre as explicações para repasses sistemáticos ao consumidor final, destaca-se que essa escolha não é das distribuidoras, mas dos donos dos postos. Ora, a adoção dessa política não deixa alternativa aos que estão na outra ponta da engrenagem. Ao elevar os preços do combustível cotidianamente, não é de se espantar que a escalada afete o preço do gás de cozinha, que atinge a todos, indistintamente.
Em bom português, significa que não demora e o transporte por meios próprios se tornará privilégio da elite. E nessa conta é preciso incluir o desonesto aumento dos impostos embutidos nos combustíveis. Essa política de preços completa um ano este mês.
Um parêntese especial sobre o etanol. São Paulo é o Estado que mais planta cana de açúcar e produz o combustível dela derivada. Responde por mais da metade do que chega às distribuidoras e aos postos de todo o País. No entanto, o preço praticado é absurdamente abusivo.
O que chama a atenção é que diante de todo esse quadro, os órgãos de controle, como Ministério Público, Procon e Agência Nacional do Petróleo, fingem que o assunto não é com eles.
Fica difícil olhar com otimismo a política econômica e todos os seus componentes (congelamento de investimentos, desemprego, câmbio) e acreditar que o cenário melhorou ou vai chegar a esse patamar.
Por muito menos, R$ 0,20, protestos ganharam as ruas em 2015. Mas para assombro de muitos, esse tema parece não ser fator importante para novas manifestações. Certamente falta combustível.