“Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar”
(Contrários, Pe. Fábio de Melo)
Se você nunca ouviu a canção ‘Contrários’ está perdendo uma grande oportunidade. A chance de refletir de um jeito simples uma das essências da vida. Pode parecer simplório considerar o olhar para a vida a partir de dois simples lados. No entanto, ao ouvir, talvez me entenda. Não apenas pela letra tão bem escrita por versos belíssimos, mas a melodia harmoniosa deixa a gente com a sensação de paz que hoje vale ouro. Não tenho a intenção de me tornar crítico musical, embora goste de dar palpite. Quero mesmo é partilhar, já que as coisas boas merecem ser divididas para serem multiplicadas.
Tudo possui mesmo o lado avesso e os contrários podem parecer negativas em um primeiro momento, mas nada é definitivamente ruim. Todas as pessoas interessantes que encontrei passaram por algum limite. Caíram e se levantaram, até que enfim puderam comemorar uma grande vitória. Foram criando casca. Como se diz hoje em dia, não são ‘nutela’. Gente raiz que foi obrigado a aprender na marra e ganhar na unha. As derrotas não foram o findar da esperança, mas um motivo ainda maior para lutar. Pouco tempo para se lamentar, até se reerguer e ir em frente.
O conflito embora seja um dor de cabeça, faz mesmo a vida crescer. Solidifica o que é de verdade e afasta os mascados. Os peixes morrem sempre pela boca e é preciso liberdade para esperar sem expectativa que o grande mestre sempre se encarrega de colocar tudo no lugar.
Essa semana eu me lembrei dos problemas sem solução, quando caminhei pelos corredores do cemitério municipal. Solzinho de inverno. Nem pensar em tirar a blusa e sentado em uma lápide pensei que a saudade é mesmo um lugar que só chega quem amou. Quando alguém olhar minha foto na lápide, já não teremos mais o tempo. Terão ficado no passado as chances de abraçar, de mostrar importância. Pensei então que quaisquer problemas têm dois lados e sempre é possível encontrar um caminho. Diferente daquele silêncio, onde palavras já não adiantam.
Fiquei surpreso. Cemitério central não é tão vazio. Muita gente procura como lugar de descanso e reflexão após o almoço. Por lá tem até Prefeito, mas isso é assunto para outro momento. Quem sabe para muitas histórias. Quem sabe até matéria prima para um livro, que seria um segundo. Isso se o primeiro nascer mesmo. Enfim, por hoje é só!
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb