Fake news e o crime eleitoral

A aproximação da campanha para escolha de prefeitos e vereadores traz a figura das fake news como principal ingrediente a ser utilizado em larga escala entre os candidatos. É proibida essa prática através de Lei Eleitoral que prevê pena de oito anos de prisão, além de multa para quem for flagrado divulgando informações falsas para uso eleitoral.
Os entendidos e os alarmistas dizem que o uso das fake news podem mudar o rumo de um pleito e é um dos principais desafios para a preservação da democracia. Cabe aqui um parênteses: tudo o que se faz agora, na política brasileira, tem como alvo a manutenção da democracia. Ora, essa conversa de querer acabar com a democracia é, por si só, uma fake news. Não se derruba nenhum regime de governo fazendo ensaios e aventando hipóteses.
É possível traçar um paralelo com a atual pandemia do Covid-19: ninguém morre mais de nenhuma das centenas de doenças de que se tem conhecimento, só de coronavírus.
Fake news é só um dos milhares de ingredientes que compõem o cardápio de crimes eleitorais que se comete em nome da democracia. Leis são ignoradas, ladrões e corruptos estão à solta, raros são os punidos e a classe política mantém-se com privilégios inaceitáveis, como o tal fundo partidário, com bilhões de reais, usados de forma a atender os interesses daqueles que controlam os partidos. Quando apanhados em alguma irregularidade, usam da assertiva de que ‘As contas foram aprovadas pelo TSE’. E fica a questão: se não forem aprovadas, acontece o quê?
O caro leitor não se pegue a imaginar que nas eleições deste ano não haverá fake news. Vai ser recorrente nas campanhas, vai ganhar relevância e, ao final, pouco ou quase nada terá acontecido a quem for apanhado.
Em Mairiporã foi assim no pleito der 2016. Cabos eleitorais usaram e abusaram das redes sociais com informações falsas e o prêmio que receberam, do lado vencedor, foi a nomeação para cargos públicos no serviço municipal. E as fake news seguem livres, leves e soltas em ritmo industrial.
O combate às falsas informações representa um desafio contemporâneo para a preservação da democracia, e deveria começar por àqueles que tem, por dever de ofício, os instrumentos para acabar com a impunidade.