Faça chuva ou sol

Não há um só dia que não me depare com longas filas nas portas dos bancos. Parece algo entranhado na cultura brasileira. Mesmo com o avanço tecnológico, com o aprimoramento das ferramentas para tornar a vida de clientes e correntistas mais fácil, a questão da fila não se resolve. Isso não vem de agora, não, já nos anos 1980 elas proliferavam por toda parte. Se naquele tempo alguém dissesse que 40 anos depois as filas ainda se formariam, certamente seria chamado de visionário.

Na principal avenida da cidade são três as agências bancárias, e em todas elas as filas se formam logo nas primeiras horas da manhã. São enormes, tem início na porta e se estendem por quarteirões. O atendimento dos bancos, claro, contribuem para isso.

O cotidiano de correntistas e clientes é marcado também por número ínfimo de caixas internos, de máquinas (os caixas eletrônicos) que tem uma maioria que raramente funciona, de funcionários pouco dedicados, especialmente na atenção aos idosos e aos que tem pouco conhecimento sobre os inventivos sistemas da era moderna.

E repito, não há condescendência com os idosos, que ao menos uma vez no mês comparecem para sacar aquela ‘fortuna’ conhecida como aposentadoria. O descaso é absurdo e não se vislumbra no horizonte nada que indique mudança na forma de atender o cidadão.

E o preclaro leitor nem precisa se indignar, porque as pessoas ficam nas imensas filas debaixo de sol forte ou de chuva, sem ter como evitar as filas externas e aglomeração em tempos de pandemia. A alternativa oferecida, das lotéricas, igualmente sofrem do mesmo mal, não dão conta.

Em Mairiporã, até onde me lembro, leis foram feitas disciplinando o atendimento bancário, um limite de tempo para cada cliente, enfim, com regras que se transformaram nas chamadas “leis que não pegam”.

Se quase sempre, ao menos nos últimos 20 anos, os bancos já tinham poucos caixas e gerentes para atendimento presencial, com a pandemia isso se potencializou. O que era ruim ficou muito pior: caixas vazios, uma ou outra atendente e as desculpas de sempre.

Com a força que possuem, os bancos certamente não vão contribuir para mudar esse quadro.

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988