Outrora um programa que soava agradável a muitas famílias, ir ao supermercado hoje virou pesadelo. E se não há remédio para os sintomas e efeitos, muito menos para a cura. Os preços dos alimentos dispararam de tal forma que comprar o que comer se tornou um exercício aritmético cruel.
A tarefa mais ingrata nesse conteúdo fica com a dona de casa, que não sabe mais o que fazer para conseguir levar pelo menos os produtos considerados básicos. Fora do arroz e feijão de todo santo dia, nem pensar. E mesmo assim, o arroz está entre os vilões recentes dos reajustes dos preços.
No caso das donas de casa, nem é preciso entender de economia, de acompanhar o noticiário e saber sobre índices de inflação. Elas sabem disso tudo no dia a dia, no lidar com as compras.
Além do arroz, também estão na lista com altas expressivas o leite, o óleo de soja, açúcar, a carne bovina e agora também a de frango, proibitivos para a maioria dos brasileiros. Nos últimos dias o tomate chegou com custos assustadores, assim como os hortifrutigranjeiros. Nem mesmo ir à feira na hora da chamada ‘xepa’ tem ajudado. Segundo os entendidos, essa alta quase que diária não esboça reação nem sinaliza que pode retroceder. Longe disso.
Se antes havia a opção de substituir os produtos mais caros pelos mais baratos, agora mudar de marca também não resolve, tudo está caro. Com uma inflação beirando os 10% de janeiro a setembro, a apreensão alcança não só o consumidor, mas todos os meios econômicos.
As justificativas para essa escalada de preços dos alimentos também são conhecidas das donas de casa e, nos últimos dois anos, viu agregar mais um componente: a pandemia do coronavírus, que soma-se à alta do dólar, maior demanda de produtos para exportação (que torna tudo mais caro pela diminuição de oferta no mercado interno), a quebra de safra por conta ou de enchentes ou da seca, a economia global, a conjuntura política, enfim, o receituário batido de todas as crises econômicas.
Para que o consumidor seja reduzido definitivamente a pó de traque, como se dizia antigamente, some-se aos alimentos os preços dos combustíveis, da energia elétrica, da água, dos medicamentos, do transporte coletivo. Na outra ponta dessa equação, desemprego em alta.
Neste momento o governo tem se mostrado impotente para controlar a inflação e tudo o que dela advém. Nem mesmo os instrumentos de que pode lançar mão tem surtido efeito.
Nesse cenário desolador, nem aquela recomendação para que o consumidor opte por produtos mais baratos ajuda. Não há produtos mais baratos. Estourar o orçamento familiar todos os meses (cheque especial, cartão de crédito, etc) também é uma alternativa para poucos.