Estelionato anunciado

Parece que foi ontem, mas se passaram quatro anos. A propaganda eleitoral na TV e no rádio está de volta e mais uma vez para vender ‘sonhos’ aos incautos e acenar com esperança de dias venturosos aos familiares e àqueles que esperam por uma ‘boquinha’ no serviço público. Aquela enxurrada de promessas, de soluções mirabolantes e milagres imediatos serão veiculados como se fossem vendidos no balcão de armazém ali da esquina.
Assessorados por equipes que a esta altura já sabem aquilo que o cidadão deseja ouvir, os candidatos lançam mão da velha cartilha eleitoral: “vamos acabar com as injustiças sociais, novos caminhos para a Saúde e Educação, fim do desemprego, transporte decente, facilidades na aposentadoria, mais polícia na rua e bandido na cadeia”. Frases de efeito e palavras de ordem que, por mais absurdas que possam parecer, ainda encantam a maioria que está do outro lado da telinha, pois mexe diretamente com as expectativas, os desejos do eleitor.
Isso tudo, no entanto, é feito por gente do ramo, profissionais que ajudam o candidato a entregar um pacote bonito, com fita colorida, voz suave, gestos ensaiados, acompanhados de imagens de pobres esperançosos, de crianças felizes, imagens de hospitais modelo, policiais sorrindo, trabalhadores contentes, enfim, um País como o da Alice, aquela da fábula.
Os eleitores, notadamente os que têm entendimento de como funciona a coisa e que são vítimas dos ladrões que tomaram o País de assalto e nos fazem pagar a conta, vão sofrer, porque só para a disputa presidencial, mais de dez candidatos vão invadir a sala de suas casas todos os dias. Isso sem contar governadores, senadores e deputados, com a promessa de nos levar a um porto seguro, à união fraterna, à igualdade de direitos e deveres. E todos, sem exceção, na maior cara de pau, vão jurar que nunca se locupletaram do dinheiro público, que não participaram das falcatruas que diariamente são anunciadas pela imprensa, que jamais se comportaram de modo a decepcionar o eleitor.
Quatro anos se passaram, as promessas vão se repetir, candidatos posando de arautos e alguns até de encantadores de serpentes. Um estelionato anunciado.