Escuro

Via de regra, a segunda-feira é nublada. Pode até não ser fisicamente nublada, mas o luto pelo final de semana que se foi mexe com os humores da grande maioria das pessoas. Eu incluso, assumo! Mas aquela segunda-feira não era apenas um dia nublado pela preguiça, pela vontade de estender o domingo e pela mágoa de não poder fazê-lo.
O céu escureceu mais cedo naquela segunda-feira. Em um primeiro momento, pensei que era uma chuva forte se aproximando, algum fenômeno comum. Mas foi só ter acesso à rede social que o questionamento foi revelado. Fumaça? De onde? Como? Por quê?
A informação de que possivelmente o céu de São Paulo, sudeste do Brasil, estaria escuro por conta da fumaça de queimadas na Amazônia é surpreendente. Mas não deveria ser. Afinal, viemos maltratando o meio ambiente por tanto tempo que as consequências futuras já não são mais uma possibilidade, e sim um fato.
Durante toda a minha, por enquanto breve, vida, ouço sobre a importância de recuperar o que já foi perdido em anos de desmatamento e poluição no território brasileiro. Como é possível que, mais de 20 anos depois, o problema só tenha se agravado enormemente, sem que as providências que sempre ouvi que precisavam ser tomadas, nunca tenham sido ao menos tentadas?
Alguma falha na comunicação, desatenção? Foi avisado e a tragédia foi, é e será anunciada.
O ser humano que não se preocupa em cuidar da própria casa acaba fazendo com que seu teto fique preto antes da hora.