Entre 2000 e 2020, média de filhos por mulher passou de 2,08 para 1,56

Estudo da Fundação Seade, com base nas informações dos Cartórios de Registro Civil no Estado de São Paulo, mostra que o número médio de filhos, entre 2000 e 2020, passou de 2,08 filhos por mulher para 1,56, que significa redução de 25%. A estimativa ano a ano mostra que esse decréscimo não foi contínuo ao longo do período, pois, após alcançar o patamar de 1,70 filho em 2007, manteve-se relativamente estável por uma década.

A partir de 2019, iniciou-se nova queda, quando esse número chegou a 1,65. Na Região Metropolitana, as reduções já foram observadas desde 2018, passando de 1,80 para 1,60, com importante queda da fecundidade na capital. A diminuição no interior do Estado foi da ordem de 24,4%, passando de 2,01 para 1,52 filho por mulher, nos últimos 20 anos.

Regiões – Em 2010, os indicadores de fecundidade diminuíram em todas as regiões paulistas, passando a variar de 1,50 a 1,90 filho por mulher, com maior redução naquelas onde as taxas eram mais elevadas, como a RMSP e Registro. Já em 2020, as taxas variavam entre 1,40 e 1,70 filho por mulher, sendo que as regiões de Itapeva, Registro e RMSP, com exceção da capital, possuíam os maiores níveis.

As taxas inferiores a 1,50 filho por mulher foram observadas na faixa central do Estado, ficando as demais áreas com níveis intermediários. Destaque-se que o número médio de filhos por mulher já é baixo em todo o Estado, como resultado de importante queda ocorrida naquelas regiões onde as taxas eram mais elevadas no passado.

Tardia – Em 2000, a fecundidade concentrava-se entre as mais jovens, mulheres de até 30 anos, que respondia por 71,3% da fecundidade total. Nos anos seguintes, a redução ocorreu principalmente neste grupo e a curva passou a ter um formato mais dilatado.

A participação da fecundidade específica das mulheres com menos de 30 anos, na fecundidade total, ficou em 65,3%, mas aumenta para 85,7% ao se incluir daquelas entre 30 e 34 anos, indicando que a fecundidade está se tornando mais tardia.

Nascimentos – A evolução da fecundidade da mulher paulista teve impacto relevante no volume de nascimentos no Estado. Entre 2000 e 2020, o total de nascidos vivos diminuiu de 699 mil para 550 mil. Entretanto, essa redução não ocorreu de forma regular no período. Em 2001 foi registrado importante decréscimo, quando o total de nascimentos correspondeu a 646 mil e permaneceu neste patamar até 2017, apesar de ter ocorrido uma queda pontual em 2016 atribuída à epidemia de Zikavírus.  A partir de 2018, retoma-se a tendência de redução, sendo que o número de nascimentos registrados em 2020 é quase 150 mil inferior ao do início dos anos 2000, com retração de 21,4%. Ressalte-se que o decréscimo entre 2019 e 2020 foi de 30 mil, ou seja, 5,1%.

Na Região Metropolitana de São Paulo, a diminuição de nascimentos entre 2000 e 2020 foi de 26,3%, sendo de 29,7% na capital e 21,9% nos demais municípios. Destaque-se que estas duas áreas responderam por 2/3 da redução registrada no Estado.

Preliminares – O impacto da queda da fecundidade resultou na diminuição do volume de nascimentos. Informações preliminares para os primeiros meses de 2021 indicam continuidade na contração dos nascimentos, colocando-se em pauta a influência das incertezas trazidas pela pandemia no comportamento reprodutivo das mulheres paulistas.

Ainda não se pode afirmar se essa queda está totalmente associada à pandemia, ou se também incorpora elementos de processos anteriores. Entretanto, é possível levantar a hipótese de que as mulheres/famílias resolveram evitar ou adiar a gravidez a partir de março de 2020, podendo resultar em decréscimo ainda maior no número de nascimentos em 2021.

De fato, as informações mensais preliminares produzidas pela Fundação Seade mostram continuidade na queda do número de nascimentos nos primeiros meses de 2021. (Da Redação)