Em entrevista, prefeito fala sobre desenvolvimento econômico e social em sua gestão

O prefeito Aladim (PSDB), no cargo desde 1º de janeiro, concedeu sua primeira entrevista no decorrer da semana, com exclusividade para o Correio Juquery.

O novo chefe do Executivo, inicialmente, disse que pretende fazer um governo humanizado e participativo, com a contribuição dos vários setores da sociedade, esferas de governo, vereadores, deputados e a população em geral. Como desafios, elencou as áreas da saúde, mobilidade urbana e saneamento básico, e enfatizou que o orçamento é apertado em razão da queda de arrecadação motivada pela crise econômica na pandemia.

Com um mês apenas de transição entre um governo e outro, projetou um início de mandato complicado, especialmente em relação a investimentos. “Assumi sabendo que vai ser um governo difícil. Estamos vivendo uma pandemia e isso complica bastante. Acho que os dois próximos anos vão repercutir na arrecadação após um 2020 terrível. Eu tenho essa noção plena de que tudo não vai ser tão fácil”, afirma.

Nem por isso, no entanto, deixa o otimismo de lado: “Assumimos o compromisso de promover as mudanças que a população espera, de priorizar os problemas que afetam diretamente toda a sociedade e buscar recursos em outras esferas para fazer frente às demandas que teremos. Nosso orçamento é curto quando falamos em investimentos e por isso mesmo temos que estreitar nossas relações com deputados, senadores e os governos do Estado e Federal. A ordem é buscar todas as parcerias possíveis, inclusive as público-privadas”, enfatizou.

O novo prefeito destacou que a sua administração vai pensar muito nas pessoas, nas mais vulneráveis e carentes. “Vamos ter esse olhar atento, fazer um trabalho por inteiro, cuidar de todos”.

Correio Juquery (CJ) – Uma das bandeiras de sua campanha foi o Hospital Anjo Gabriel. Como o senhor pretende colocá-lo para atendimento pleno da população.

Prefeito – Em duas etapas. A primeira, transferir as internações do Hospital e Maternidade Mairiporã (HMM) para o Anjo Gabriel. Gastos com internações são altos, custam R$ 700 mil. Também transferir o Centro de Especialidades para o Anjo Gabriel. Nosso plano prevê ainda a construção de uma UPA no terreno ao lado do HMM e manter uma UTI no Anjo Gabriel.

Vamos abrir licitação para escolher uma Organização Social (OS), que será a responsável pela gestão do hospital. A Prefeitura vai dar apenas uma contrapartida, mas não ficará responsável por manter o Anjo Gabriel.

CJ – Que propostas o senhor tem para o serviço de saúde de modo geral?

Prefeito- Além do Parque da Saúde, onde se localiza o novo hospital, teremos uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de porte 1, que abrange maior capacidade de atendimento na Terra Preta. Lá faremos uma inversão: a UPA vai funcionar no prédio da UBS, que por sua vez terá suas instalações no prédio do Pronto Atendimento. Teremos uma outra UPA, de porte 2, na praça Tutti Frutty, centro da cidade, além da instalação do Centro de Referência da Saúde da Mulher, no prédio onde hoje funciona a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (antigo prédio da Honda), e uma UPA Animal, no Parque da Saúde.

CJ – Uma das principais queixas da população está relacionada à mobilidade urbana e ao trânsito. Governos anteriores trataram essas questões como problemas menores e a cidade, com poucas e estreitas vias, não suporta o volume diário de veículos. Que planos o governo tem para esse setor?

Prefeito- Temos uma parceria com a Faculdade da CET, que vai nos dar um estudo sobre mobilidade urbana, dizer se há necessidade de instalação de um conjunto de semáforos e a construção de um anel viário em Terra Preta. São medidas iniciais que podem fazer a diferença a médio prazo. A expectativa é que a entrada em operação do Rodoanel Norte reduza consideravelmente o tráfego dentro da cidade. Também implantamos bloqueios na Avenida Pietro Petri, em Terra Preta, impedindo que veículos oriundos da rodovia Fernão Dias cortem caminho por dentro do distrito, que aumentavam os problemas de escoamento do tráfego. Um outro estudo que encomendamos é sobre mudanças no sistema viário, com mão única em várias ruas. A maioria dessas vias em Terra Preta não comporta mão dupla.

CJ – Mairiporã tem sérios problemas ambientais, como invasão de áreas, construções clandestinas, falta de coleta seletiva de lixo, baixo percentual da população atendida por coleta de esgoto e ainda bairros que só recebem água através de caminhões-pipa. São problemas de décadas, especialmente os de saneamento básico. Como pretende, num primeiro momento, minimizá-los?

Prefeito- Quando falamos em meio ambiente, é preciso salientar que precisamos amenizar leis que inviabilizam o desenvolvimento econômico sustentável. Em Mairiporã nada pode e tudo se faz. A cidade tem 278 loteamentos, dos quais 209 irregulares e 187 núcleos habitacionais, como vilas invadidas, sem cadastro de IPTU. A falta de leis permitiu invasões, que aumentaram muito nos últimos anos. Queremos, em consonância com as leis estaduais, novas áreas de desenvolvimento, com vetores de zoneamento simétricos. Já determinei o corte no fornecimento de água para chácaras, que recebem sem nenhum critério social. As sociais devem validar um cadastro na Prefeitura para voltar a recebe-la. A cidade decresceu no percentual de atendimento em saneamento básico, passando de 26% para 13%.

Vamos agora conversar com a Sabesp, cujo contrato tem renovação a cada 4 anos e cobrar o que deixou de ser feito, como aumento da área atendida, implantação de esgoto em Terra Preta, ciclovias na área de lazer. Em relação à coleta seletiva de lixo, hoje temos 96 locais, que 2 caminhões se encarregam de levar até as cooperativas. No momento o serviço está um pouco prejudicado, pois as escolas, onde se concentra a maioria da coleta, não estão funcionando. Precisamos aumentar esse serviço e com isso reduzir a taxa de lixo.

CJ- O governo anterior deixou cerca de 700 crianças sem vagas em creches, segundo publicações feitas na Imprensa Oficial do Município até dezembro de 2020. O senhor acredita que pode zerar a fila de espera até o final do seu mandato?

Prefeito- Nossa intenção é zerar a fila de espera durante nosso mandato. Temos um planejamento para isso e o trabalho será árduo para atender toda a demanda.

CJ – Que incentivos acredita ser possível oferecer para trazer novas empresas ao município, ampliar o parque industrial, estimular o turismo, colaborar na geração de empregos e fazer com que a economia possa, mesmo que lentamente, voltar a crescer?

Prefeito- Temos propostas para o incremento da economia local, com a isenção de IPTU e da Taxa de Lixo e trazer a 2% a incidência de ICMS sobre o setor produtivo. O convênio com o Senai é de suma importância, pois a carência de mão-de-obra profissional é grande no setor industrial. Vamos criar o corredor tecnológico da rodovia Fernão Dias, a partir do Túnel Mata Fria, além de empreendimentos sustentáveis, como o Porto Seco, que será uma central de mercadorias, nos bairros Saboó/Marmelo, próximo ao rodoanel Norte e a Via Dutra.

CJ – O que a população de Mairiporã pode esperar de Mairiporã nos próximos quatro anos?

Prefeito- Uma gestão de verdade, com economicidade nos gastos públicos, zelo pelo patrimônio, melhorar a infraestrutura urbana, educação e saúde plenas, desenvolvimento econômico e reconhecimento dos servidores municipais.

Quem é o prefeito?

Walid Ali Hamid, o Aladim, completa 40 anos em setembro próximo, é casado, tem dois filhos, foi comerciante, é formado em Engenharia de Sistemas e Administração de Empresas pela faculdade Imensu e elegeu-se vereador pela primeira vez em 2008. Sua reeleição, quatro anos depois, lhe conferiu a maior votação já registrada na cidade.