Educação: Planejar é preciso!

Na divulgação da primeira etapa do Censo Escolar 2022, no último dia 8 de fevereiro, o MEC anunciou as novas ações de políticas públicas educacionais visando alavancar a educação básica, a partir da ampliação da oferta de creches conforme estabelecido no Plano Nacional de Educação-PNE, bem como efetivar a alfabetização na idade certa, priorizar a oferta de escolas em tempo integral e garantir a conectividade nas escolas, com internet e equipamentos de qualidade, haja visto que no mês passado foi aprovada a legislação que instituiu a nova Política Nacional de Educação Digital – PNED, objeto do meu artigo anterior.

A oferta de vagas em creches chegará em boa hora por aqui diante das atuais demandas divulgadas no site da prefeitura – vagas em creche – que, em 8 de dezembro do ano passado, apontava 670 inscrições, quando escrevia esse artigo – 14/02/20231. Tal divulgação mensal é obrigatória, diante da Lei 3.150/2011.

A falta de conectividade verificada nas escolas públicas brasileiras de ensino básico, durante o período pandêmico, contribuiu na ampliação das lacunas de aprendizagens dos alunos, notadamente, aqueles em período de alfabetização, onde as redes públicas municipais são as principais responsáveis, haja visto que atendem 85,5% dessa demanda no Brasil, conforme o censo de 2022.

Por mais que os municípios tenham se empenhado em contornar essa falta de conectividade no período pandêmico ficou muito claro que sem a presença da professora alfabetizadora essas tentativas não foram suficientes. Somado a esse fato, com o retorno das aulas pós pandemia apenas ofertar reposição sem os cuidados necessários, a lacuna de aprendizagem se aprofundou e essa geração possivelmente carregará tal defasagem pelo resto da vida.

Os gestores educacionais, desde que qualificados e comprometidos, devem priorizar esse problemão com muita seriedade, pois ainda dá tempo e o PNED poderá contribuir muito. Basta conhecimento, empenho e planejamento e o necessário envolvimento dos profissionais da educação que estão na linha de frente no dia-a-dia das escolas. Há que ser ofertada a qualificação as professoras e professores para o atendimento das demandas exigidas pela Educação Digital, e, ao mesmo tempo, garantir condições efetivas tanto na prática docente e na aprendizagem dos alunos respeitando a quantidade adequada de alunos em cada sala de aula, sem superlotá-las. Isso sim é de verdade respeitar e valorizar o trabalho desses profissionais da educação!

Mairiporã tem ‘know how’ em melhorar o desempenho da aprendizagem de seus alunos conforme vivenciado recentemente com o Sistema de Avaliação do Ensino de Mairiporã – SAEM, ação planejada e executada com êxito pela Secretaria Municipal de Educação naquele período, que superou a meta do IDEB, avaliada em 2019 e divulgada no ano seguinte.  E, como educação é processo, cravou o maior indicador da região com 6,2 – IDEB de 2021 e divulgado em 2022 – tendo em vista que os alunos dos 5º anos avaliados foram impactados pelas ações do SAEM no período anterior e, mesmo com suspensão das aulas pela COVID-19, essas crianças tiveram somente o último semestre de 2021 com aulas presenciais. Por isso afirmo, educação é processo e manter ações que deram certo é preciso, na verdade, é fundamental!

Enfim, basta o bom senso dos atuais gestores educacionais para evitar que essa geração de crianças se tornem vulneráveis educacionalmente.

1.https://prefeiturademairipora.com.br/vagas-creches

 

 

Essio Minozzi Jr. licenciado em Matemática e Pedagogia, Pós-Graduado em Gestão Educacional – UNICAMP e Ciências e Técnicas de Governo – FUNDAP, foi vereador e secretário da Educação de Mairiporã.