Essa semana o feriado ficou cravado no meio. Bem no dia da feijoada. Foi a vez de lembrar o dia da padroeira em nossa cidade. Apesar do município contar com mais duas paróquias que pertencem a Diocese de Bragança Paulista, o dia de Nossa Senhora das Dores é o feriado municipal religioso mais importante e com definição em nossa Lei Orgânica.
Quem trabalha em São Paulo teve que acordar cedo. Apesar disso, todo ano as pessoas perguntam se o feriado é só em Mairiporã, se é feriado mesmo e ultimamente o questionamento mais moderno vai de encontro a dúvida se o dia 15 de setembro não ficou antecipado em algum decreto pandêmico.
Fato é que, apesar de muitos cuidados ainda, o dia não passou em branco para a comunidade católica que celebrou a devoção a Mãe de Jesus, lembrando o caminho da família de Nazaré pelo deserto em fuga pelos desmandos de Herodes, que temia pelo nascimento do Rei. O menino era Deus e reina para sempre. Vida de mãe não é fácil e o anjo que não é bobo, saudou a bem-aventurada: “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus” (Lucas 1:30).
Cada um com sua crença e vamos aprendendo a conviver com as diferenças. Tarefa difícil para muita gente, que logo se destempera quando surge um conflito. Que se sente incapaz de tatear os espinhos que estão pelo caminho.
A vida dá certo e dá errado para todo mundo. Interessante gente que fica se apequenando e se vitimizando. Como está na moda ser ‘mimizento’ de redes sociais. Percebo uma galera que fica à espreita da menor oportunidade de postar um luto. Parece que tem necessidade de chamar a atenção alheia com esse artificio.
Em minha modesta opinião, postar luto no facebook devia ter regulamentação para que só fosse possível se junto com a notícia, tivesse uma obrigação de dizer o nome do defunto e causa da morte. E deveria ter um limite também, senão qualquer tia do interior entra na conta, mesmo que o parente e o finado nem convivam. Não convive, as vezes nem gosta, mas posta! Um lutinho sempre gera engajamento. Desculpe o sarcasmo, mas a minha crítica é contra a banalização e hipocrisia. Jamais um desdém da dor alheia, quando verdadeira.
Já a jovem Maria, sabia quem era e confiou no fruto bendito de seu ventre e nos planos Dele. Sábia, colocou-se a serviço. Deus é Deus e a relação com ele deveria ser uma construção divina de confiança. Sofro porque sei que a vida é imperfeita. Posso não entender agora, mas tenho certeza de ser amado e que enquanto há uma tristeza acontecendo, há sempre também uma alegria sendo preparada.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.alb