Ir embora e deixar para trás seriam outras formas poéticas da metáfora de virar a página. Um desafio filosófico é ir embora ou deixar partir. O ser humano é avesso aos apegos. Já conheceu gente acumuladora? Que acha que vai precisar de tudo. No final das contas tem pena de tirar do armário aquelas blusas que estão há anos sem vestir ou aqueles cobertores que nem lembrava que possuía.
O mesmo ocorre nas relações humanas. Por vezes temos dó de desapegar de uma posição, de uma função ou de alguém. É triste quando o outro não quer ficar e mesmo assim você insiste em amarrar e os dois fingem que não sabem.
Com o tempo estou entrando nessa onda do desapego e da reciprocidade. Ando pagando as pessoas com a mesma moeda e não estou falando de vingança. Falo de estar na mesma altura. Eu sei que é preciso plantar para colher, mas perceber que mesmo da semente mais rica, se a terra que recebe não é fértil, o negócio é mesmo escolher outro terreno, outra cidade e até outro país.
Perdas são necessárias e a vida humilha com a doença, com a ausência, com a morte e com a indiferença. As realidades e o que as pessoas pensam e sentem a seu respeito quase sempre está na cara, já que ninguém dá conta de fingir muito e as máscaras caem. Enfim, para não filosofar tanto, são só reflexões, caro leitor. Pensamentos nesta semana que se aproxima o lançamento do livro. Quando esta edição chegar em suas mãos, este humilde colunista já estará sendo chamado de escritor. Mais um escritor desta cidade. Fico imensamente feliz com o carinho que ando recebendo e agradeço a todos, também a direção deste jornal que tenho a honra de poder figurar dentre os que semanalmente chegam a tantas pessoas por meio de suas páginas físicas ou virtuais. Reciproca e verdadeira toda atenção que tenho recebido. Do carinho que não tenha recebido, desde já viro a página.
Luís Alberto de Moraes tem formação em Letras, leciona há quase vinte anos e prepara o lançamento de um livro de crônicas e poemas. @luis.