E agora, Antônio?

Com a licença poética do grande Carlos Drummond de Andrade, adaptamos aqui parte da primeira estrofe do famoso poema ‘José’, que ilustra o momento político vivido pela cidade e pelo seu governante maior: “E agora, Antônio? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, Antônio?…
Após anos à espera de uma solução para a bandalheira chamada ‘Centro Educacional’ parece que enxergamos uma luz no fim do túnel através do promotor Marco Antônio de Moraes Barros. Em ação civil pública por improbidade administrativa, o representante do Ministério Público quer que os responsáveis pela construção do Centro sejam responsabilizados pelos prejuízos causados aos cofres da Prefeitura.
A cidade conhece a sobejo como se deu a construção do Centro Educacional, os problemas, os aditamentos de dinheiro ao contrato e, por fim, a constatação de que o prédio tem problemas inúmeros e que foi interditado. Lá não se abriga mais a Secretaria da Educação e os seus departamentos, e o teatro. Como explicar que um prédio que custou mais de R$ 4 milhões à época (se atualizado seria muito mais), não durou nem oito anos?
Também é sabido pelo povo que a Justiça neste País anda a passos de tartaruga. Em alguns casos a tartaruga é ainda mais lépida. Mas a ação do promotor vai trazer luz a esse processo que agora se sabe lesivo aos interesses da população e que beneficiou muita gente. As acusações contidas na peça que deu entrada no Fórum local são de arrepiar. Vão desde a citada improbidade do prefeito, passando por enriquecimento ilícito e chegando ao uso de material barato para erguer o imóvel.
O que o representante do Ministério Público quer é que todos os envolvidos paguem por isso. A lamentar apenas a inclusão da ex-secretária da Educação, pessoa proba, de reputação ilibada na cidade, que foi instada a assinar um adiamento ao contrato original. Ou seja, o prefeito a arrastou para dentro do olho do furacão.
O que toda a sociedade espera é que os partícipes dessa obra sejam punidos exemplarmente, pois não é só o Brasil que precisa ser passado a limpo. Mairiporã também.
Voltando ao poema de Drummond: “E agora Antônio? Sozinho no escuro, qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, Antônio! Antônio, para onde?”