Disparada no preço dos alimentos gera indignação nos consumidores

A EXEMPLO de outras cidades brasileiras, a população de Mairiporã se mostra indignada com a disparada de preços dos principais alimentos que compõem a cesta básica, dentre eles o arroz, o feijão, o óleo e agora as carnes. O caso mais emblemático é do arroz, que chega a registrar até três vezes o valor que vinha sendo praticado.

As explicações para essa escalada de alta nos produtos são muitas, a começar pelo crescimento da demanda internacional, ocasionada pelo descompasso produtivo causado pela pandemia, até a alta no preço do dólar, fatores que levaram os agricultores a dar preferência pela exportação, em detrimento do mercado interno.

O arroz, que ao lado do feijão compõe a alimentação preferida dos brasileiros, foi o teve maior aumento, pois o Brasil importa boa parte do produto. Para se ter uma ideia do comportamento de preço, uma saca de arroz (50kg) teve variação 65,33% entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados do Cepea/USP. E isso, mesmo sem ser um dos principais itens agrícolas da pauta exportadora brasileira.

Analistas acreditam que o aumento deve ser sazonal, tendo em vista que logo os países terão suas produções normalizadas, diminuindo a demanda de importação.

Em nota, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) afirmou que tem solicitado às redes associadas que “não aumentem suas margens de lucro e repassem aos consumidores apenas o aumento proveniente dos fornecedores, de modo que possa assegurar o emprego dos funcionários e garantir que a população tenha alimentos de qualidade à disposição.

A Apas também afirma que, ao contrário dos índices de outras áreas, os alimentos estão com os valores fora de controle.

Carnes – Nos últimos dias também a carne sofreu reajustes em seus preços, o que tem provocado a migração do consumo para o frango, que também subiu por causa do alto consumo e das exportações elevadas.

O quilo do frango vivo bateu recorde ao ser negociado nos últimos dias a R$ 4,15, alta de 22% sobre o valor praticado no mesmo período do ano passado, quando o quilo estava em torno de R$ 3,40.

Consumidores – Consumidores que conversaram com a reportagem, foram unânimes ao criticar a política de preços de alimentos no Brasil. A analista de sistema, Ana Maria Ferreira Martinho diz que tem sentido no bolso o aumento no preço de vários produtos básicos e de uso cotidiano para todos. “A alta de preços está muito calra e, ultimamente, estamos vendo pesquisas mostrando um aumento em torno de 20%. Mas, o que a gente sente no bolso não é só isso. De junho a agosto, têm produtos como o arroz, óleo, leite e derivados que subiram de 30% a 35%. Se compararmos de janeiro a agosto então, é muito mais. Nesse momento tão difícil de pandemia, onde as pessoas sofrem com o desemprego, salários reduzidos, vários informais sem renda, ainda tem essa preocupação a mais para as famílias: se vão conseguir se sustentar ou não. Não dá para entender.

Outra consumidora, Débora Martins da Silva, os aumentos geram um sentimento de indignação. “Como consumidora, fico indignada com o aumento exagerado dos produtos.  Alguns itens básicos tiveram acréscimo anormal em seus preços. Justo agora, quando estamos passando por uma pandemia em que parte da população está sobrevivendo da pequena ajuda governamental. Além disso, muitos que seguem trabalhando sequer receberam ajustes positivos de salário, pelo contrário.

Limite de vendas – Em alguns estabelecimentos, as vendas de pacotes de arroz foram limitadas e cada cliente passou a levar apenas uma determinada quantidade do produto, para que se possa atender todos os clientes de maneira igualitária.

Na quarta-feira, 9, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar os impostos para importações de arroz em casca e beneficiado até o final deste ano. No entanto, a decisão, que foi tomada para conter a alta dos preços do produto, restringe a cota de compras sem alíquota a até 400 mil toneladas. (Foto: Divulgação)