Discussão descabida

O Governo Federal, quando está a fim de encher o saco de todo mundo, e faz isso com maestria, não economiza. Agora trouxe de volta, como uma ressurreição, a discussão descabida sobre o horário de verão, que foi cancelado logo no primeiro ano da gestão Bolsonaro, sob a alegação de que não gerava a economia energética desejada.

Também justificou-se, à época, que havia grande rejeição por parte dos brasileiros em adiantar o relógio em outubro de cada ano e depois fazê-lo voltar em fevereiro. Uma visão questionável.

Agora, com pedidos formulados e muita pressão feita pelos setores de turismo, serviços e shoppings centers, a questão foi delegada ao Ministério de Minas e Energia, que por sua vez solicitou um estudo ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

A avaliação feita pelo ONS é que a retomada do horário não traz o impacto desejado no enfrentamento da crise energética brasileira, porém não vê razão em recomendar que a volta do programa seria neutra e que a decisão final é do ministério. Para uma decisão tão simples, aquele intolerável jogo de empurra.

Principalmente porque a popularização dos aparelhos de ar condicionado e o pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor.

O próprio ministério já se manifestou anteriormente, dizendo que não enxerga potencial de economia com a mudança estabelecida.

Por mais que o horário de verão não resulte em poupança energética, poupar é sempre bom. Reduzir gastos com energia é melhor que nada. Os setores que reclamam devem ser atendidos nessa demanda, pois além da possibilidade de economizar energia, seriam beneficiados com o aumento da circulação de pessoas no início da noite.

Isso, de certo modo, ajudaria o setor econômico, que ainda sente os efeitos do período pandêmico, que não acabou, e colaborar na recomposição das perdas, mesmo que isso ocorra de forma modesta.

Há no governo, imagino eu, assuntos mais sérios que necessitem de um olhar mais cuidadoso, em que o horário de verão não se encaixa.

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988