Discurso não resolve

Em menor número, a oposição na Câmara não pode assistir passivamente o Executivo aprovar o que bem entende, mesmo com projetos feitos no ‘joelho’, sem fundamentações plausíveis e informações necessárias para que os vereadores possam desempenhar com dignidade o papel que lhes cabe.
Com maioria folgada, fruto de barganha política que garante assessores e apadrinhados políticos em cargos de comissão, tudo o que for do interesse do prefeito passa sempre por 9 x 3. A nova autorização para endividar ainda mais a Prefeitura (leia-se bolso do povo) foi votada na terça-feira, sem que a oposição tivesse esboçado reação, tipo impetrar mandado de segurança para impedir a votação (e não faltam motivos se o projeto for apresentado à Justiça) e até mesmo chamar a grande imprensa, que o prefeito foge dela como o diabo da cruz.
Todos os empréstimos tomados pela Municipalidade, que somam R$ 20 milhões, vão custar, em rudimentar aritmética, mais R$ 12 milhões em juros. O prefeito e os nove vereadores não vão pagar por isso. O contribuinte, que em bom português já está de ‘saco cheio’ de sustentar essa trupé, é que vai ficar com o ônus. O prefeito e seus 9 defensores imaginam ficar com o bônus, também chamado de ‘votos’.
É importante frisar que, mesmo em minoria, a oposição pode dificultar as coisas para o Executivo quando entender que não há informações suficientes e interesse público nos projetos deliberados sempre favoravelmente, e sempre com nove votos.
Se os quatro vereadores que não rezam pela cartilha do alcaide e classificam como prejudiciais as ações em favor do povo ficar só no discurso, não terá nenhum resultado prático.
É fundamental ter em mente que o Ministério Público, daqui ou de São Paulo, existe para defender os interesses da sociedade, prioritariamente os que demandam dinheiro dos cofres municipais.
Hora de dar um basta nos discursos e usar de outros meios para pelo menos discutir o que será votado e qual os benefícios reais que terá a cidade. Por enquanto, fala mais alto os interesses eleitoreiros do prefeito e de seus 9 escudeiros com assento no parlamento do município.