Dinheiro no lixo

Os gestores públicos têm obrigação de cuidar bem do dinheiro do município. Os cidadãos, que garantem a verba por meio dos impostos que pagam, devem fiscalizar e cobrar quando quem administra erra feio na utilização ou destina o numerário a finalidades que não atendem ao desejo da população.
Em Mairiporã, o governo municipal tem feito aquilo que bem entende e lhe convém, com recursos mal gastos. Em nenhum dos três mandatos do atual prefeito se viu ou ao menos pensou em construir prédios para abrigar os muitos órgãos da administração municipal. A preferência é por alugar imóveis, caros em sua maioria, dinheiro que não volta mais. A Prefeitura não divulga o gasto mensal, mas imagina-se que chegue aos três digitos, na soma de todos os alugueis. Isso se torna ainda mais conveniente, pois o numerário não sai do bolso dos políticos.
O planejamento e a execução daquilo que se imagina como de interesse público, deixam muito a desejar. Há dezenas de exemplos, que vão desde os estranhos processos licitatórios para contratação de empresas de lixo (Mairiporã é a única cidade do mundo que tem uma empresa diferente a cada ano), até empréstimos junto às instituições financeiras sem o aval da população. E isso ocorre, porque a maioria dos vereadores não tem nenhum interesse em discutir a questão com os segmentos da sociedade. As votações de interesse do prefeito são feitas em velocidade espantosa e aquém do que recomenda a liturgia do cargo.
Há também monumentos ao desperdício. Primeiro, a Igreja do Rosário, que até hoje não se sabe quem foi que pagou pela reforma. Se a Prefeitura ou a Cúria Diocesana. Difícil acreditar que a Diocese destine algum recurso para erguer templos. Agora, mudanças na rotatória de acesso à cidade, que vai ser um monunto ao nada. Ainda que os recursos sejam externos, poderiam ser utilizados, por exemplo, para melhorar o setor que o atual prefeito não consegue minimizar os problemas, ou não tem interesse, que é a Saúde. Três mandatos e a cidade tem a mesma oferta de saúde de quarenta anos atrás.
Construiu-se em Terra Preta um ‘moderno’ centro esportivo. Importante, sem dúvida, pois o distrito dispõe de poucos instrumentos de lazer. Só que o mesmo empenho nunca foi observado na cobrança à Sabesp, para que implante a rede de esgoto. São 30 mil habitantes que não tem um metro de rede de coleta de resíduos sólidos. Vergonha é pouco para adjetivar o comportamento do prefeito e vereadores.
Enquanto não se resolvem questões caras ao povo, não é exagero dizer que temos na cidade verdadeiros ‘monumentos’ ao desperdício. Poder-se-ia aqui elencar dezenas de ações e omissões do poder público. Muito do que foi feito, sem necessidade, foi dinheiro jogado no lixo.