Descrédito recorde

Os partidos políticos e por consequência seus integrantes, gozam de descrédito jamais visto. Ou como diria Lula, ‘nunca antes neste País’. É o que levantou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), em estudo divulgado no início da semana. Os que afirmam não ter ‘nenhuma confiança’ nessas instituições somaram 77,8%, ou seja, oito em cada dez brasileiros. Quando das eleições de 2014, esse percentual era de 46,4% e, em 2006, apenas 36,7%.
Dentre os principais motivos elencados, aparecem a corrupção nos partidos e a incapacidade de representar os interesses dos eleitores.
Em outubro os brasileiros estão convocados a voltar às urnas para eleger ‘novos’ representantes. Uma excelente oportunidade que se apresenta para mandar de volta às suas casas a maioria desses corruptos e oxigenar o ambiente político.
O que ocorre, no entanto, é que o assunto não desperta interesse nos eleitores. Ela, a eleição, não está no centro das discussões e isso deve se agravar até o dia da votação. O pleito realizado semana passada, no Estado do Tocantins, quando mais da metade dos eleitores simplesmente não apareceu, ou votaram em branco ou anularam o voto, é mais que um exemplo, um recado de que a desconfiança e indignação tomou conta do País.
O estudo do INCT, que é bastante abrangente (2.500 entrevistas em 26 Estados), analisa que a crise de representação também ocorre em outros países, mas no Brasil ela foi potencializada pelos escândalos de corrupção.
E destaca a Operação Lava Jato, que atingiu legendas tradicionais, políticos de destaque e grandes conglomerados empresariais. Por outro lado, as investigações e condenações da operação ajudaram a criar um ambiente que pede renovação, o que é positivo, mas corre-se o risco de cair em algo antipartidário ou antipolítico. A mesma pesquisa mostra que 83,2% dos eleitores não têm simpatia por qualquer partido. Em 2014 esse número era de 76,7%.
Essa desconfiança com políticos e partidos tem seu lado positivo, pois torna-se uma boa oportunidade para uma ampla troca, mas é preciso que o eleitor escolha com cuidado, valorize principalmente os que não estejam envolvidos em escândalos. É uma oportunidade única em que o cidadão poderá trocar aqueles que não souberam honrar seus mandatos por lideranças confiáveis.