Desafios ao eleitor já cansado

Na segunda-feira que abriu esta semana teve início o período de convenções partidárias para escolha de candidatos às eleições de novembro. E ao eleitor vão sobrar desafios, especialmente neste instante da vida nacional em que a pandemia já dura um semestre e pela política que vive aos trancos e barrancos em todos os níveis. Ninguém, a esta altura, duvida que será um pleito com um desenho inédito e com consequências imprevisíveis.

Os municípios, de cofres vazios pelo Covid-19, com despesas inesperadas e receitas escassas, vão demorar um bom tempo para recompor seus caixas. A fístula que se abre é ainda mais sintomática, porque o caixa local é a ponta final do bolo orçamentário que não privilegia nunca a esfera municipal.

O próximo prefeito de Mairiporã vai encontrar cofres vazios, obras paralisadas e outras com poucas chances de saírem do papel, sobrecarga de serviços e um contingente de desempregados que impactará não só a economia da cidade, mas principalmente as áreas da Saúde e Educação.

Diferente do que se viu em eleições passadas, nesta as composições partidárias se mostram mais complexas, com negociações intensas, trocas de apoio por cargos na futura administração (os conhecidos cabides de emprego), fim das coligações e período curto de campanha. De certo modo, um cenário que ajuda os nomes mais conhecidos, particularmente na briga por uma das 13 cadeiras do Legislativo.

A volta da democracia, depois de 40 anos, se analisada em todas as suas vertentes, não saiu da teoria para a prática. Ela não se faz apenas com o direito ao voto, cada vez mais desprezado pelos eleitores, mas pela política partidária que tudo pode, inclusive bilhões dos cofres públicos, o que em última análise significa ‘sangria no bolso e na mesa dos brasileiros’. Jovens dão de ombro para o processo eleitoral, a representação feminina é diminuta, assim como a de negros.

Neste ano eleitoral de pandemia, em que prevalece o desânimo com o cenário político, a lição de casa para os mairiporanenses está colocada: selecionar com mais zelo, se é que isso é possível, seus representantes. E cabe aqui um parênteses: representantes que a cada gestão não representam nada, nem ninguém.