Desafio dos candidatos é convencer o eleitor a comparecer às urnas

Preocupação que afeta a Justiça Eleitoral e os candidatos nas eleições de outubro vindouro faz referência aos altos índices de abstenção verificados nas últimas três eleições presidenciais, que sinalizam seguir com viés de alta em 2022, situação que ignora até mesmo a polarização entre candidatos, o que teoricamente incentivaria o voto. Pelo que se tem observado, o quadro atual parece incapaz de frear a fuga de eleitores.

Em Mairiporã os que se abstêm de votar crescem de modo expressivo. Em 2010, foram 9.167 eleitores que não compareceram às urnas, o equivalente a 17,60% do colégio eleitoral. No pleito seguinte, 2014, os dados oficiais mostraram que 20,61% (11.823 eleitores) não sairam de casa para escolher candidatos. Entre uma eleição e outra, 14,7% de alta entre os que abdicaram do voto.

O crescimento não parou por aí: no pleito de 2018, a abstenção subiu para 22,25% (13.633 eleitores), total que se igualou à soma das votações obtidas pelos presidenciáveis Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Na comparação entre 2014 e 2018, as abstenções foram 13,3% maiores.

Brancos e nulos – O descontentamento do eleitor com a classe política também se estende aos que votam em branco e anulam o voto. Em 2010, foram 1.741 (4,06%) votos nulos e 1.582 (3,69%) votos em brancos. Na soma com as abstenções, 12.940 sufrágios não computados, que representaram 25,35%, ou seja, um quarto do colégio eleitoral mairiporanense.

Quatro anos depois, em 2014, foram 2.654 eleitores que anularam o voto (5,83%) e 2.478 que votaram em branco (5,44%). Juntando-se às abstenções, foram 16.955 (31,88%) eleitores que não escolheram candidatos.

Em 2018, os votos nulos somaram 3.326 (6,98%) e os brancos, 1.596 (3,35%). No total geral, brancos + nulos + abstenções, 32,58% (18.555) que optaram por não votar em ninguém, equivalente a 1/3 dos total de eleitores da cidade.

Maior número – A expectativa para as eleições de outubro próximo é que o eleitor, cansado de tanto escândalo, tanta roubalheira e corrupção, deixe de ir às urnas em maior número.

Por outro lado, os candidatos e partidos devem considerar que é direito legal e legítimo do eleitor fazer a escolha a partir do julgamento político. Faltar às urnas, votar branco ou nulo também é uma escolha. Cabe à classe política trabalhar em prol do bem-estar social e não de seus interesses pessoais, para que o eleitor tenha bons motivos para votar e escolher um candidato que represente seus anseios. (Wagner Azevedo/CJ – Foto: Secom/TSE)

 

ABSTENÇÕES/MAIRIPORÃ

 

Eleições de 2010

Abstenção    9.167 (17,60%)

Votos nulos   1.741 (4,06%)

Votos brancos         1.582 (3,69%)

Total 12.940 (25,35%)

 

Eleições de 2014

Abstenção    11.823 (20,61%)

Votos nulos   2.654 (5,83%)

Votos brancos         2.478 (5,44%)

Total 16.955 (31,88%)

 

Eleições de 2018

Abstenção    13.633 (22,25%)

Votos nulos   3.326 (6,98%)

Votos brancos         1.596 (3,35%)

Total 18.555 (32,58%)