Defeitinhos

A verdade nua e crua é que todo mundo tem defeitos. Eu tenho os meus, e você com certeza tem os seus. Por exemplo, não são raras às vezes em que demoro a tomar uma decisão. Sim, sou indeciso até o último fio de cabelo, principalmente quando todas as opções envolvidas me parecem, minimamente, ruins (“Qual será que é a “menos-pior”? Essa ou aquela?”)
Existem pessoas que falam demais, falam o que não deviam falar, em momentos de maneiras inoportunas. Não estou dizendo daqueles pretensos “sincerões a todo custo”, mas sim de pessoas que deixam escapar comentários inconvenientes aqui e ali, que não se contém na hora de se gabar de algum feito, na hora de contar alguma desgraça ou até de espalhar aquela fofoquinha. Tenho alguns amigos que falam demais.
Eles acabam assustando outras pessoas com a maneira de ser, de falar muito com muita gente, o tempo todo, em qualquer lugar, de abrir seus corações para conhecidos que nem são tão conhecidos assim, em uma mesa de restaurante ou de pegar uma conversa pelo meio e começar a conversar junto. Suas presenças são como um grito – e que grito alto, hein? Alguns acham “exagerados, intrometidos, dramáticos”, preferem até se afastar.
Por coincidência, são os amigos que mais se esforçam para demonstrar afeto, que mais dão apoio quando necessário, que mais se doam para os outros. Não que seja um paralelo exato (não é porque uma pessoa é falastrona que ela vai ser, necessariamente, carinhosa). O que acontece é que, apesar desse defeitinho, essas pessoas são cheias de outras qualidades.
De onde será que vem esse hábito, do ser humano em geral, de nos irritarmos mais com os defeitos do que nos encantarmos com as qualidades?
Pensando bem, eu agradeço por esses amigos existirem, com seus defeitinhos e suas qualidades, e por serem exatamente do jeitinho que são.