De tombo em tombo

A queda na produção industrial em abril era esperada. Mas o tombo registrado, de mais de 18%, é preocupante e sinaliza que o setor dificilmente irá se recuperar nos próximos meses. Em Mairiporã, as crises econômica e da pandemia também mostram um retrato amargo, com registros de quedas na arrecadação de tributos municipais e aqueles repassados por Estado e União.
A comparação entre as receitas de março e abril, de quase R$ 6 milhões, é um demonstrativo inequívoco de que o prefeito precisa com urgência adotar medidas de contenção de gastos, sob pena de não ter fôlego para fechar o ano, por sinal o último do atual governo.
Nos últimos meses não se viu nenhum gesto do prefeito e de sua equipe de primeiro escalão em cortar despesas. Não reduziu o salário de ninguém, manteve um ‘exército’ de comissionados em seus postos e gastou alguns milhões de reais em compras sem a necessidade de licitação. A conta disso tudo, mais adiante, vai ser apresentada e terá que ser paga.
Em meio a toda essa crise, os servidores municipais ainda contaram com um lance de sorte, antes da pandemia pegar a todos: receberam o 13º salário, que certamente seria impraticável no final do ano.
O setor industrial foi só o primeiro a levar um tombo. Outros certamente estão chegando ou já chegaram. A coisa vai se dar em série, o chamado ‘efeito dominó’.
O déficit na arrecadação de abril, só de um mês, portanto, é a metade do dinheiro que o governo federal vai repassar como auxílio, porém em quatro parcelas.
Ou o atual governo tem tudo ‘preto no branco’ em suas finanças, corta na própria carne ou a pergunta que não quer calar é uma só: “Que cidade o próximo governo vai herdar”. Hoje, ninguém sabe. Mas certeza mesmo, só uma: vai faltar muito dinheiro e vão sobrar problemas.