De saco cheio

Questionamentos são perfeitamente factíveis diante do que temos visto nos últimos dois anos. A pandemia do coronavírus, segundo especialistas no assunto, veio para ficar de forma definitiva e vai conviver com os humanos até o fim dos dias. Perfeitamente compreensível, pois junta-se a uma outra série de doenças que chegaram devagarinho e constam do cardápio das pessoas.

A imprensa, e cabe aqui um parênteses (aquela que se aproveita da desgraça alheia), continua fazendo ‘carnaval’ com os registros diários, não sem antes esgotar as menções à necessidade da vacina. Para falar um português bem castiço, ‘já encheu o saco de todo mundo’. Só não explica como uma população que já alcançou 85% de imunização, com ao menos duas doses, ainda contrai a doença conforme os escandalosos boletins que divulgam. As vacinas funcionam ou não?

Boa parte da população tomou a quarta dose e já se fala na quinta carga, inclusive com cidades que já iniciaram mais essa etapa. A conclusão a que chego é que até agora, mesmo com toda a comunidade científica mundial envolvida, ninguém sabe nada sobre o coronavírus e suas mutações.

Não se trata de duvidar da eficácia da vacina, longe disso, até porque eu tomei todas as doses recomendadas. Mas se a pandemia adotou a prática do ‘iô-iô’, é mister que se questione os entendidos no assunto. Nos EUA, o país mais evoluido do planeta, depois de um primeiro ano tenebroso em 2020, a pandemia voltou a matar milhares de pessoas, mesmo com quase a totalidade da população imunizada. O mesmo se verifica na China e alguns outros países da Europa.

A pandemia fez milhões de mortos, outros milhões de doentes e com sequelas, e mesmo com vacinação em massa, insiste em vitimar os humanos. Até onde vai isso é a pergunta que cabe fazer. Mas há momentos em que chego a me questionar sobre o potencial da vacina que nos é oferecida.

Os laboratórios, que já eram ricos, alcançaram patamares inimagináveis com a produção e venda de vacinas, e pelo jeito isso vai prosseguir indefinidamente. A imprensa espetaculosa, por sua vez, não abdica de gráficos, números, estatísticas e intimidações aos cidadãos, processo que também não tem prazo para cessar.

No decorrer deste 2022 já morreram mais pessoas vítimas da violência e criminalidade do que da pandemia. E outras centenas, por conta dos deslizamentos de terra, alagamentos e enchentes, mas não importa, viva a pandemia! Não vejo cobranças às autoridades políticas em acabar com moradias em áreas de risco, nem mesmo oferecer opções habitacionais aos mais carentes.

Tenho comigo que vamos todos tomar dez, vinte, trinta doses da vacina, e os anúncios sobre a pandemia estão, desde já, agendados até o final dos tempos.

 

 

Ozório Mendes é advogado militante na Comarca, foi vereador e presidente da Câmara na gestão 1983/1988