Cruzadas

Recentemente, mais especificamente entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, influenciado pela minha mãe, descobri que tenho uma paixão secreta, nunca antes manifestada: fazer palavras cruzadas. Não, não é um hobby exclusivo, muita gente e (pasmem) pessoas de várias idades fazem palavras cruzadas. O detalhe é que ninguém classifica as palavras cruzadas como passatempo preferido. “Fazer palavras cruzadas” nunca é a resposta direta quando alguém pergunta “o que você gosta de fazer?”.
Por isso, essa diversão tão atual acabou caindo no esquecimento, quase como algo que já passou. Mas não passou, não tão cedo, porque é só estar com uma caneta e o famoso joguinho quadriculado em mãos que a pessoa, já começa a completar.
É irresistível! Precisa ser terminado (mesmo que para isso a gente dê uma olhada nas respostas, aquelas que ficam de ponta-cabeça no final da página, que a gente finge que não vê). Fazer palavras cruzadas não é só um exercício de pensamento ou de descobrir palavras, é um exercício de distração concentrada, isolamento, abstração, é um momento particular, em que você sai do mundo, se afasta do planeta Terra e tudo o que precisa é arranjar um jeito de fazer aquelas letras se encaixarem de alguma maneira que faça sentido em todas as direções.
Nada acontece enquanto o quadrinho não está completo; o mundo para e só volta a girar quando está tudo no seu devido lugar, LETRA POR LETRA.